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Jovens da Somália conhecem experiências de Convivência com o Semiárido em Juazeiro

Jovens da Somália conhecem experiências de Convivência com o Semiárido em Juazeiro

Foi à sombra de um Juazeiro, que se deu início um intercâmbio entre a Associação de Água de Chuva da Somália (RAAS) e o Irpaa, com o intuito de trocar experiências acerca da natureza e do clima Semiárido, que também está presente na Somália, país do continente africano. Assim, buscando conhecer tecnologias sociais e partilhar vivências, cinco jovens somalianos puderam visitar algumas experiências de Convivência com o Semiárido brasileiro.

O colaborador do Irpaa, João Gnadlinger, que fez parte da equipe que acompanhou os jovens nesse intercâmbio e destaca que a Somália e o Nordeste do Brasil têm características que os aproximam; e explica a simbologia da escolha de iniciar as atividades embaixo da sombra de um Juazeiro. “Somália e o Nordeste têm muitas coisas em comum: especialmente as experiências de Convivência com o clima Semiárido. Este juazeiro significa muito para nós. O juá (em latim Ziziphus) é uma árvore cosmopolita de climas semiáridos tropicais, podendo ser encontrada no Nordeste do Brasil e na Somália (como na China, no Sinai ou na África do Sul) e serve para explicar laços entre as duas regiões. Assim, a natureza mostra que temos coisas em comum”, expõe João.

No Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), na roça do Irpaa, os intercambistas participaram da Trilha Pedagógica da Convivência com o Semiárido, conhecendo algumas práticas utilizadas na região, como: pluviômetro artesanal, para medição da chuva, que facilita entender o clima irregular; produção de ração animal com plantas nativas e exóticas; beneficiamento de frutas da Caatinga; tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva, tanto para consumo humano, quanto para produção; e área de Recaatingamento. Para contribuir ainda com essas discussões, foi realizado um estudo sobre o clima Semiárido, para evidenciar que essas condições climáticas também são encontradas em outros países.

Durante a programação de atividades, os jovens também conheceram experiências de Convivência com o Semiárido, organização das mulheres, o modo de viver e a luta pelo reconhecimento da área como uma Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto, em Lagoa do Meio, na região de Massaroca, em Juazeiro. A agricultora, Josimeire Serafim, mostrou de perto as transformações que aconteceram após a implantação da cisterna de consumo em sua residência, que fornece água para beber e cozinhar.

Em frente à cisterna, símbolo de transformação para milhares de famílias no Semiárido brasileiro, Josimeire explicou o processo de captação e armazenamento da água da chuva para os somalianos, “A água que abastece esta cisterna vem da chuva. Ela é captada pelo telhado da casa, passa pelas calhas, a água é filtrada num pré-filtro na entrada. Alí fica disponível para a família durante o período da seca, tirada por um balde limpo pendurado e é consumida sem necessidade de usar cloro; e além do mais sem precisar recorrer ao abastecimento feito através do carro-pipa”, detalha a agricultora.

Conhecer a cisterna de consumo e comprovar a qualidade da água foi, para os somalianos, um dos destaques das discussões e de vivências em Lagoa do Meio.

A cisterna de produção também chamou a atenção dos somalianos, tendo em vista a importância para garantir o cultivo de alimentos saudáveis que servem para garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias e a geração de renda, através da comercialização do excedente da produção e de itens beneficiados.

Outro tema evidenciado nas discussões em uma das visitas foi a importância das tecnologias e das políticas públicas para a permanência das famílias no campo. A partir do que viram e da fala do agricultor Mauri Silva, os intercambistas constataram que é possível sim viver com dignidade no meio rural, “Há oito anos voltei da grande cidade por ter melhorado a vida aqui no meu lugar de origem, onde hoje estou cuidando de minhas ovelhas ‘boer’, o povo não sai mais para São Paulo, mas volta”. Os debates sobre esse aspecto do êxodo rural também é muito importante, porque na Somália, de acordo com os intercambistas, muitos jovens vão ou querem ir para a capital Mogadisho, ou para a Europa.

Já na comunidade tradicional de Fundo de Pasto Cipó, também em Juazeiro, os intercambistas conheceram tecnologias ambientais apropriadas para o subsolo de calcário, como barramentos de pedra, que diminuem os efeitos de erosão; assim como proporcionam a infiltração e recarga dos riachos subterrâneos; e tecnologia de saneamento rural, que realiza a coleta, tratamento e reúso das águas totais da casa.

Sobre a experiência desse intercâmbio repleto de partilhas, o jovem somaliano, Fataah, destaca a riqueza de conhecimentos e quais os planos para repassar às outras pessoas o que eles conheceram no Semiárido brasileiro. “Agradecemos imensamente aos técnicos do Irpaa, estudantes, cozinheiras, pessoas que encontramos nas comunidades por esta oportunidade de aprendizagem de água e de Convivência. O curso foi muito prático, com os exemplos nas aulas teóricas e nos exemplos práticos, especialmente, na visita das comunidades. Tivemos tantas experiências novas. Vamos traduzir a apostila ‘A Busca da Água no Sertão’ e fazer um subsídio em somali. Vamos levar tudo para nossa entidade na Somália, especialmente, para as comunidades rurais”, ressalta Fataah.

Troca de saberes como essa possibilitam que o acúmulo de conhecimentos, práticas e tecnologias de Convivência com o Semiárido cheguem a outros países que possuem características climáticas iguais ou próximas ao do Semiárido brasileiro. O intercâmbio entre a RAAS e Irpaa aconteceu entre os dias 6 e 8 de fevereiro.

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa, com contribuição do Eixo Clima e Água do Irpaa
Fotos: Eixo Clima e Água do Irpaa
 


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