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Produção e consumo de leite de cabra apresenta mais vantagens do que de vaca

Produção e consumo de leite de cabra apresenta mais vantagens do que de vaca

Quando se pensa em leite geralmente as pessoas associam apenas ao leite de vaca, ou até mesmo, o industrializado, aquele que geralmente é vendido no supermercado. No entanto, pesquisas indicam que o leite de cabra possui propriedades nutricionais que o industrializado e o de vaca não dispõem. Nesse sentido pode-se destacar mais uma vantagem da criação de cabras no Semiárido.

A cartilha, “Criação de cabras e ovelhas no Semiárido”, elaborada pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), versa sobre os benefícios oferecidos na criação desses animais. Ao apresentar um levantamento das vantagens de criar cabras em vez de vacas, a cartilha compara uma vaca com oito cabras e aponta que uma vaca pesa cerca de 300 kg, enquanto oito cabras pesam 240 kg; o consumo diário de água de uma vaca é de 53 litros, ao tempo em que oito cabras consomem uma quantidade menor, somando 48 litros por dia.

Em relação a produção de leite, uma vaca produz três litros menos digestivos, já oito cabras quatro litros mais digestivos. Sobre o custo com a produção, para uma vaca é necessário derrubar a vegetação e plantar capim, mas oito cabras podem se alimentar da vegetação nativa da Caatinga ou ainda de forragens adaptadas e cultivadas de forma consorciada com outras plantas. A vaca não se adapta bem à condição climática da região, já as cabras suportam bem as irregularidades das chuvas. Em se tratando do rendimento do rebanho, uma vaca pare uma cria de dois a três anos, enquanto oito cabras parem 30 crias durante dois anos.

Com isto, é importante pensar no aumento da produtividade de leite quando se pensa também na geração de renda a partir dessa atividade bastante apropriada ao Semiárido. O colaborador do Irpaa, André Luiz Pereira, informa que “para aumentar essa produção de leite de forma sustentável a gente deve pensar também em selecionar animais já adaptados que consumam bem, que andem bem na Caatinga, que tenham já sua adaptabilidade ao clima”. André ainda afirma que os/as produtores/as precisam seguir alguns passos para que a produção aumente de forma satisfatória: “tem que ter toda uma estrutura, os agricultores familiares tem que começar a se adaptar a roças pequenas perto de casa, alimentação no cocho produzida na própria roça, o que garantiria uma maior renda desse leite”, explicou o veterinário.

Quando se trata de higiene, é necessário que os/as criadores e criadoras se atentem às maneiras corretas de coleta do leite, bem como de armazenamento. André relata algumas formas de fazer uma coleta higiênica, destacando que um dos passos é passar os primeiros jatos de leite pela caneca telada (um recipiente de fundo preto) que, segundo o veterinário, ajuda a identificar resíduos no leite como a presença de grumos, que indica que o animal está com infecção. Outro cuidado apontado como essencial refere-se ao armazenamento: “depois de tirar, esse leite deve ser coado e ir para uma vasilha limpa, para depois ter seu destino ou ser processado na própria unidade de produção familiar e ser consumido ou ir para uma agroindústria ser processado”, conclui André Pereira.

Consumo

Algumas vantagens que os/as consumidores/as podem ter ao ingerir o leite de cabra diz respeito à saúde e são geralmente desconhecidas da maior parte da população. Trata-se de um leite nutritivo, sua digestão é mais fácil do que a do leite de vaca, traz benefício para pele, para os ossos, coração e melhor desenvolvimento do corpo de modo geral. “Realmente muitas pessoas desconhecem a importância dele, que é um tipo de leite extremamente nutritivo, inclusive ele tem o baixo teor de colesterol, menor do que o de vaca, e tem uma propriedade muito importante, que é na função da digestibilidade”, explica a nutricionista Ilce Eulária Rosa. Ela ainda cita algumas doenças que o leite de cabra pode contribuir no tratamento: “para quem tem problema de intestino ressecado, constipação, pra esse tipo de problema, o indicado realmente é o leite de cabra”, enfatiza a nutricionista.

Para o criador e vendedor de leite de cabra, Leandro Ferreira Loiolas, “o sistema de criação de caprinocultura leiteira é um sistema de criação muito viável para pequenos produtores, por ser um animal de pequeno porte você cria ele em pequenos espaços e também alimenta-se com pouco em relação ao bovino”. No entanto, para que a produção seja maior, na opinião dele, é necessário investir em animais com maior aptidão leiteira. “Aqui nós temos no caso a saanen e as alpinas, então é um animal que garante bastante sustentabilidade aos produtores”, afirma Leandro.

Na comunidade de Queimada dos Loiolas, em Uauá - BA, segundo Leandro, as pessoas costumam comprar o leite de cabra para introduzir na alimentação das crianças. “Muitas famílias fazem o aleitamento das suas crianças com o leite de cabra e realmente essas crianças não sente muito porque é um leite que se assemelha ao leite de uma mãe”, disse o empreendedor.

A dona de casa, Maria Jessoni Gonçalves, de Uauá-BA, fala que sempre utilizou o leite de cabra, uma vez que considera bom e recomenda o uso. “Eu sempre usei o leite de cabra, sempre consumi, desde que eu era pequena minha mãe já me criou com leite de cabra e para mim é o melhor leite do mundo, afirmou Jessoni. Ela ainda indica o leite de cabra para outras pessoas por saber que o leite tem propriedades que podem auxiliar na saúde. “Sempre uso e recomendo o leite de cabra para todas as pessoas, que o leite de cabra traz muitos benefícios para saúde”, falou Maria Jessoni.

Necessidade de regulação

Pensado em garantir as condições adequadas de higiene e qualidade dos produtos de origem animal e vegetal, em Juazeiro - BA, foi lançada desde 2010 uma proposta de criação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM). O projeto de lei, que ainda está em curso, determina que os produtos só poderão ser comercializados após a fiscalização do município, a fim de garantir a qualidade dos mesmos e assim poder introduzi-os, inclusive, na alimentação escolar.

A veterinária Sheina Campos, responsável pelo SIM no município, destaca a importância de estabelecer uma fiscalização para que o alimento chegue à mesa dos/das consumidores/as com qualidade. “Nós temos muitos produtores com potencialidades de produção, então com o objetivo de levar um produto dentro dos padrões higiênicos sanitários para os consumidores, o município pensou em instalar o serviço de inspeção”, explicou Sheina.

A criação desse serviço, porém, coloca em dúvida se isso não dificultaria o trabalho de pequenos produtores. Sheina afirma que não, pois o SIM desburocratiza o serviço de inspeção federal e foi pensado para a produção de base familiar. “Nós nos preocupamos com a cadeia artesanal, com os pequenos produtores, que não tem condições de colocar estabelecimentos de grande porte”, garantiu a veterinária, que informa ainda que no primeiro ano o SIM será gratuito.

Sheina Campos explica que para adquirir o selo de inspeção municipal é necessário que os/as produtores façam um cadastro no Departamento de Inspeção Municipal, que fica localizado no órgão de agricultura do município, neste caso a Agência de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária - Adeap.

Texto: Comunicação Irpaa

Fotos: Geo Brasil e Cumunicação Irpaa
 


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