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Brota no chão de Canudos a semente de uma comunicação que revigora as comunidades

Brota no chão de Canudos a semente de uma comunicação que revigora as comunidades

Acordar na manhã de domingo e se preparar para ir até o prédio da associação da comunidade, sabendo que ali ficaria o dia inteiro, participando de uma atividade de formação. Aparentemente não é um dia de domingo que atrai a juventude, certo? Imagina então se na tarde deste dia acontece um dos jogos de futebol mais importante dos últimos meses. Foi esse dia o escolhido pelas/os jovens da comunidade Sítio Antônio do Josino em Canudos para buscar mais conhecimento, o domingo para apostar ainda mais numa comunicação livre, que valorize a cultura e os saberes locais.

Desde meados de março de 2020 as redes sociais têm recebido as informações que partem da comunidade da terra de Antônio Conselheiro através de vídeos produzidos por um grupo de jovens que decidiu mostrar a realidade da sua comunidade, algo que não está presente na grande mídia. “Eu comecei só, tirando fotos da Caatinga […] Um dia conversando com meu amigo convidei ele para fazer parte do projeto. De imediato ele não aceitou, aí eu comecei a gravar só. Ele foi vendo, se chegando e começamos a gravar juntos. Aí começou a despertar o interesse dos meus primos”, conta sereno William Levy, fundador do canal Raízes Culturalizadas Nordestinas.

William teve desde o início um objetivo nítido: “Valorizar o nosso lugar, o nosso território”, expõe. Os vídeos foram chamando mais atenção e hoje o canal tem um número em constante crescimento de visualizações dos vídeos e novas inscrições. O grupo que faz as produções ainda é pequeno, apenas cinco jovens, mas toda semana tem conteúdo novo no canal o que gera mais acessos e comentários, o que estimula o grupo. “A gente percebe que a juventude sente certa curiosidade e vontade de participar”, pontua o jovem comunicador. “Isso é algo que me motiva bastante. Eu comecei só e hoje a gente já tem um grupo de cinco pessoas [...] Isso é algo que me motiva a continuar resgatando e valorizando a cultura nordestina”, relata William, que conta ainda que as tarefas são divididas, de modo que garanta a produção de novos vídeos e participação de todos.

Produzir vídeos que valorizam nossa região foi a forma encontrada pelo grupo para contrapor a ideia distorcida de um Semiárido pobre e inviável. Segundo William, na região onde mora é alimentada uma ideia de desvalorização das comunidades. “Nascer, crescer e abondar, ir para outro estado e ficar discriminando: Ah, ali [na comunidade] não presta”, detalha.

No domingo (21) os cinco integrantes do canal se juntaram a mais cinco vizinhas/os para estudar mais sobre comunicação, fazer debates teóricos e experimentar técnicas de produção de vídeo. A facilidade para visualizar conteúdos a serem pautados na atividade prática de produção de vídeo surpreendeu a jovem Caroline do Vale. “A gente ficou achando que não ia ter assunto e acabou que na hora que a gente saiu já tava todo mundo se preparando, a gente já tinha algo a mostrar [...] Então a gente foi buscando as coisas e quando a gente viu já estava preparado para gravar este vídeo”, conta Caroline. “Pra gente, jovem, é muito satisfatório a gente mostrar a nossa realidade, a nossa comunidade, porque às vezes as pessoas dão mais valor ao que não é seu, sai para dar valor ao que é do outro. Então a gente tem que aproveitar, dar valor à nossa comunidade”, defende a jovem.

O colaborador do Irpaa, Judenilton Oliveira, destaca a importância de apoiar a iniciativa da juventude. “Este trabalho que a gente tá realizando com os jovens, tem um potencial muito grande, porque tá estimulando o jovem a comunicar melhor e falar mais sobre as comunidades”, explica. Judenilton salienta que nesse processo a/o “jovem se percebe comunicador e vai buscar mais conhecimento”. Judenilton avalia como satisfatório o resultado da relação entre a juventude e a Educomunicação. “Usar a comunicação para denunciar e mostrar outros caminhos, tem sido muito produtivo”, revela.

O grupo que hoje se destaca em Canudos teve os primeiros contatos com o debate sobre Educomunicação em 2019, quando dois jovens da comunidade participaram de um processo formativo no Território Sertão do São Francisco. “No projeto Bem Diverso, eles participaram de formações em Educomunicação, experimentando várias linguagens de comunicação e, a partir desse projeto nasceu a Rede de Comunicadoras/es Populares Jovens da Caatinga”, conta Gisele Ramos, colaboradora do Irpaa. A Rede de Comunicadoras/es é composta por jovens de comunidades de Fundo de Pasto do Território Sertão do São Francisco e comunidade quilombola do Piemonte Norte do Itapicuru.

Além de colaborar com a Rede Jovens da Caatinga, a dupla de Canudos contribui para que a juventude da comunidade faça parte de um movimento de comunicação que brota no chão fértil das comunidades semiáridas. “Esses dois jovens conseguiram mobilizar a juventude na sua comunidade para discutir comunicação e produzir conteúdo que paute a riqueza da sua comunidade, que fale dos problemas, que faça esse resgate cultural. Isso é muito significativo e comprova a importância da Educomunicação para a construção de novos saberes e para o protagonismo da juventude [...] O processo formativo empodera a juventude”, assegura Gisele.


Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

 

 


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