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Resistência dos povos à degradação e privatização dos bens naturais marcam atividades do FAMA 2018

Resistência dos povos à degradação e privatização dos bens naturais marcam atividades do FAMA 2018

 Aconteceu em Brasília no período de 17 a 22 de março o Fórum Alternativo Mundial da Água – o FAMA. O evento acontece paralelo ao Fórum Mundial da Água e é uma forma de questionar esse evento considerado oficial mas que discute a água no mundo a partir de um ponto de vista comercial, onde a água não é vista como um bem mas sim como uma mercadoria.

Em todo o mundo a recarga de fontes naturais vem sendo reduzida pelo excessivo desmatamento da vegetação nativa, rios perenes tornando-se intermitentes pela retirada de água superior à vazão e a qualidade das águas superficiais e subterrâneas comprometidas por resíduos minerais, industriais, esgoto, fertilizantes e agrotóxicos.

A ganância pelo capital em determinados setores da economia, somada a má gestão da água e à ocorrência de secas mais severas em certas regiões têm acirrado os conflitos por água. Devido ao esgotamento das fontes e em defesa de seus projetos hegemônicos, grandes corporações se organizam e se mobilizam com campanhas midiáticas, cooptação de setores judiciários e corrompem governos a assumirem postura militar e/ou flexibilizarem leis que permitiam a apropriação das reservas de águas doces, minérios e terras, seja via parcerias público-privadas, concessões ou privatização direta.

Eleições fraudulentas e golpes de estado como ocorrido em Honduras e recentemente no Brasil, fazem parte dessa estratégia de mercantilização da água. Um exemplo é a privatização de mananciais do aquífero Guarany, de interesse de empresas como Nestlé e Coca-cola, como denunciam ativistas presentes no FAMA.

No Brasil, há mais de quarenta anos as comunidades e povos tradicionais travam árduas batalhas para defenderem seus rios e territórios, a exemplo dos conflitos do Rio Salitre e em Correntina, importantes bacias hidrográficas do estado da Bahia. Na Nigéria, fruto da entrega do controle da água a empresas como a Nestlé, e na Palestina, em decorrência da ocupação israelense por força militar, populações inteiras sofrem a falta de acesso à água para necessidades básicas.

Além da problemática relativa a quantidade, qualidade e regularidade, sabemos que um dos agravantes hoje diz respeito à contaminação da água, seja ela aguda ou crônica. Um exemplo de contaminação aguda é o que se deu em novembro de 2015 na bacia do Rio doce, decorrente do rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em Mariana (MG). Todo o rio, até sua foz, foi contaminado com metais pesados presentes na água (lama), especialmente arsênio, chumbo e cádmio – substâncias nocivas. Um exemplo de contaminação crônica são os metais pesados, como ferro, cádmio, níquel e cromo, decorrentes da grande agricultura irrigada contaminam águas superficiais como as do lago de Sobradinho (Rio São Francisco), alcançando níveis superiores ao permitido pela legislação.

Do mesmo modo o aquífero Jandaíra – no Ceará e Rio Grande do Norte, uma vez que águas que se encontram a mais de 100 metros de profundidade e que são retiradas por meio de poços para atender a população, estão contaminadas por agrotóxicos.

Para Tainá Marajoara, indígena de Marajó, “água não é só direito, água tem direitos, porque água é vida e vida tem direitos que precisam ser preservados”. Assim, os movimentos sociais numa orientação de unidade e solidariedade, pautam não somente a defesa da água como um direito, mas denunciam os abusos sobre a natureza e convocam a sociedade para construir e fortalecer modelos de desenvolvimento justo e compatíveis com a vida do planeta.

ASA apresenta experiência no FAMA 2018


Além de diversos mártires e eventos de enfrentamentos cravados na história de lutas mundiais pela água, lembrados e partilhados no FAMA, experiências e iniciativas de acesso à água foram pautadas, a exemplo da ASA - Articulação Semiárido brasileiro, com ações de formação e mobilização popular para a Convivência com o Semiárido.

O trabalho em rede com os povos do Semiárido brasileiro superou a mortalidade infantil na região que na década de 1980 alcançou a casa de um milhão de crianças mortas em decorrência da sede e fome, como lembrou Naidson Baptista, atual coordenador da articulação. Um dos programas construídos e desenvolvidos com forte contribuição da sociedade civil representada pela ASA no Brasil, o “programa cisternas” é reconhecido internacionalmente e foi agraciado recentemente com o segundo lugar mundial do Future Policy Aaward 2017 (prêmio política para o futuro) da ONU, como experiência exitosa de combate à desertificação, durante a Cop 23.

Neste dia 22 de março, Dia Mundial da Água, representantes de mais e 30 países fazem ato inter-religioso em defesa da água como direito, e não mercadoria, como atividade de encerramento do Fórum Alternativo Mundial da Água/.

Texto: André Rocha (Colaborador Eixo Água)
Edição: Comunicação Irpaa
Foto: Almacks Luiz Silva


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