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Sementes crioulas: produção saudável, orgânica e segura

Sementes crioulas: produção saudável, orgânica e segura

As sementes crioulas, também chamadas de sementes tradicionais ou sementes da paixão são variedades adaptadas às condições climáticas locais, mantidas e selecionadas por gerações de agricultores e agricultoras. Assim, quando falamos em sementes crioulas, não estamos falando apenas em produção e consumo de alimentos, nos referimos também à história, tradição, saúde e preservação da natureza.

Para saber mais sobre a importância das sementes crioulas, a sua produção, métodos de armazenamento e os benefícios para a saúde das pessoas, conversamos com o colaborador do Irpaa, Wermerson Matos.


Irpaa: O que são sementes crioulas? Por que é importante manter preservada a genética dessas sementes?

Wermerson Matos: Falar da semente crioula é falar em adaptação. É falar de características genéticas apropriadas a uma determinada região. Nós temos no mundo, diferentes climas, diferentes ecossistemas e para cada tipo de região vai existir um microclima, então, para cada região, existem espécies adaptáveis a ele. A semente crioula é uma característica genética de uma determinada espécie. Nós temos sementes crioulas, aqui na nossa região semiárida, que são preservadas por agricultores/as familiares, povos indígenas e assentados de reforma agrária, eles fazem muito bem esse papel de armazenamento e de preservação dessas sementes.

Então, a importância de manter a genética preservada dessa semente é que a gente vai ter uma produção garantida. Vamos ter um alimento saudável, um alimento que não pode ser comparado aos elementos transgênicos. Nós temos essa produção de sementes crioulas na nossa região, um ponto fundamental para preservação e perpetuação da espécie por muito tempo, mantendo suas características genéticas.

Irpaa: Qual a relação entre a importância das sementes crioulas e da soberania alimentar?

Wermerson: Se fizermos uma relação das sementes crioulas, que são aquelas sementes, que mantêm sua genética ao longo dos anos, e pensar em uma semente transgênica, aquela semente modificada em laboratório. Então, se a gente for pensar em uma produção orgânica e saudável, a gente tem que pensar na semente crioula, na sua preservação, manutenção e suas características genéticas ao longo dos anos. A gente vai ter uma produção saudável, orgânica e segura, mantendo a soberania alimentar dos agricultores e agricultoras familiares.

Irpaa: Como acontece a produção de semente crioula na Bahia? Existem muitos bancos de sementes?

Wermerson: A semente crioula mantém a preservação genética da sua espécie, e são sempre repassados de geração para geração, preservadas por agricultores familiares, quilombolas e povos indígenas. Nós temos hoje, diferentes formas de armazenamento de sementes crioulas, sejam elas em garrafas pets, barris, tambores. Na Bahia e em outros estados do Semiárido tem diferentes bancos de sementes financiados por projetos, organizações, e até mesmo por iniciativa de agricultores que abraçam a causa de preservar as sementes crioulas.

A preservação dessa semente é a garantia que a gente vai manter essa perpetuação da espécie ao longo dos anos e também garantir uma produção saudável e agroecológica. Então, essas metodologias e armazenamento a gente pode dizer que é um método simples, barato e que os agricultores podem abraçar essa causa e manter a preservação dessas sementes.

A semente crioula no Semiárido tem a sua importância, pois a gente tem condições climáticas adversas com relação ao déficit hídrico em algumas épocas do ano. Então, a gente pensar uma produção agrícola, com sementes que não são adaptáveis a nossa região é um risco muito grande para os agricultores, que podem até perder a sua safra. E quando se faz o cultivo de sementes adaptáveis à região onde o déficit hídrico é determinante em algumas épocas do ano, a gente pode garantir a produção saudável, orgânica e agroecológica, mantendo assim, a preservação e as tradições dos povos que viveram aqui no passado, a partir da preservação de sementes.

Irpaa: Fale um pouco sobre as sementes transgênicas x sementes crioulas.

Wermerson: Pensar em agronegócio, uma produção em grande escala é pensar em alimentos contaminados a partir de produtos químicos e uma produção que não se apropria das práticas de Convivência, que é o caso das sementes transgênicas. Então, as sementes transgênicas, conseguem comprometer a saúde humana, alimentos transgênicos não dialogam com a Convivência com o Semiárido, não dialoga com a agroecologia. Então, a gente precisa, de fato, manter a genética da nossa semente a partir de métodos que nossos pais nos ensinaram, que os nossos avós nos ensinaram, para manter aquelas características genéticas da produção orgânica em nossos bancos de sementes, sejam eles familiares ou comunitários. É claro, que a gente pode manter uma produção em grande escala de forma agroecológica. A gente pode ter uma produção orgânica, sustentável, uma produção orgânica que dialogue com o meio ambiente, o bem-estar familiar e a saúde das pessoas.

 

 


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