Editorial
A Agrovale e o pó de cana queimada
Sou um nacionalista otimista e odeio a expressão “coisas do Brasil”. Respeitador da lei por obrigação e opção; entendo que o direito de um termina quando cerceia o direito do outro. “Todos são iguais perante a lei…” (Constituição Federal 1988, Art. 5º).
Embora reconhecendo a grande importância econômica e social da empresa Agrovale, é inadmissível que o Ministério Público, a Justiça e as lideranças políticas não exerçam influências sobre o absurdo que acontece diariamente nos lares da nossa região.
A sujeira e, por consequência, a promoção de doença que invade os lares depõem sobre a ineficiência pública de toda ordem. Faço uma provocação às Universidades: pesquisem sobre a problemática “a influência da sujeira da queima da cana em mortes provocadas pelo aparelho respiratório em nossa região”.
Não quero ser fatalista nem inibidor do desenvolvimento econômico. Sou admirador da liberdade do mercado. Não admito, como cidadão, que o enriquecimento de uns poucos esteja assentado na violência sobre a natureza e a insalubridade de todos os moradores de uma região. Estou convicto que esta empresa já recebeu o tempo e o incentivo econômico suficiente para não sujar as nossas cidades.
Como povo, fico com a hipótese que a força financeira cale as vozes dos poderes, pois vivemos sob a democracia representativa, ou seja, elegemos representantes do interesse do povo. Agonizando e tendo de lavar a casa todo dia, confio na liberdade de imprensa para expressar o meu descontentamento com este cenário. Vou continuar acreditando que, no meu belo Brasil, coisas desse tipo não acontecem por muito tempo.
Com a palavra o Ministério Público, o Ibama, as lideranças políticas, a Imprensa, o povo…
Autor(a): Plínio Galdino Silva