Editorial
Comunicação: direito pouco discutido
Pra você ainda é novidade falar em comunicação como direito? Talvez seja pra muita gente, pois é um dos direitos pouco discutidos, justamente porque por ele passam outros direitos essenciais. Como assim? Imagine se a sociedade não tiver liberdade de expressão, se não puder comunicar-se, de que forma iria lutar por outros direitos como terra, água, moradia, educação, etc?
No Brasil, a Lei das Comunicações está ultrapassada, ela data de 1962, uma época em que não contávamos com as possibilidades de comunicação que temos hoje. Além disso, os grandes setores da mídia brasileira não a respeitam, infringindo artigos e assim impossibilitando a existência da tão sonhada democratização da comunicação.
O monopólio da mídia é uma realidade, menos de 10 famílias controlam os meios de Comunicação no Brasil e nenhuma destas famílias defendem a Reforma Agrária, a Segurança Alimentar e Nutricional, a Convivência com o Semiárido, a igualdade social. Estas famílias atendem a interesses econômicos e políticos e contam com financiamento de grandes empresas nacionais e multinacionais que vão de encontro aos anseios da maior parte da população.
Os movimentos sociais e alguns segmentos universitários que defendem o direito à comunicação, desde 2013, vem fortalecendo o coro por uma “Lei da Mídia Democrática”, prezando por princípios básicos como o espaço para a pluralidade de ideias. O Brasil é um país muito grande e diverso, é preciso garantir a produção e veiculação de conteúdos regionais, a produção independente, o que hoje não tem espaço nos grandes Meios de Comunicação de Massa.
Defender a Convivência com o Semiárido, portanto, exige lutar também por uma mídia mais plural, que ajude a descontruir os estereótipos historicamente difundidos acerca desta região e passe a valorizar a viabilidade do Semiárido. Mas isto não passa apenas pela possibilidade de acessar novos conteúdos, passa também pela oportunidade de produzir, pois democratizar a mídia, não significa ter em mãos um controle remoto para escolher programações que mais nos agradam, mas sim ter a oportunidade de também expor ideias e disputar opiniões.
Autor(a): Eixo Comunicação