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Marcha das Águas

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Marcha das Águas de Itacuruba inaugura a Cúpula dos Povos

A Rio+20 – particularmente a Cúpula dos Povos – foi inaugurada neste domingo (dia 03), em Itacuruba, em pleno Sertão de Pernambuco, onde 1800 pessoas marcharam em defesa das águas do Rio São Francisco e em protesto contra o projeto governamental de instalar uma Usina Nuclear na região. Itacuruba recebeu o povo ribeirinho vindo de municípios da Bahia, Sergipe, Alagoas, além de cidades próximas e da capital pernambucana para participar da Marcha das Águas.

Por volta das 6 horas da manhã começaram a chegar as primeiras caravanas: indígenas, quilombolas, movimentos sociais do campo e da cidade, populações urbanas, igrejas, homens, mulheres, idosos, muitos jovens e crianças. Quem chegava logo participava do café comunitário ao mesmo tempo em que ouvia falas que davam o tom da marcha: “A marcha que vamos realizar hoje é apenas uma etapa. Amanhã haverá o enfrentamento, pois do outro lado está o modelo que quer privatizar e mercantilizar a água. Esta caminhada é para nos treinar a enfrentar esse modelo que quer fazer da água uma mercadoria”, enfatizou o padre Sebastião da Diocese de Floresta.

No trevo que dá acesso à cidade, local da concentração, representantes dos povos indígenas foram convidados para conduzir a abertura. O índio Manoel Antônio do Nascimento, pajé da aldeia Pankará, fez uma saudação às entidades divinas e ao Pai Tupã pedindo proteção.

Com o som amplificado de um trio elétrico, a Banda Fé e Axé, juntamente com Roberto Malvezzi e outros representantes das entidades organizadoras garantiram a animação do público durante a Marcha, entoando cânticos e músicas cujas letras estavam na cartilha “Não Queremos Usina Nuclear em Pernambuco, no Nordeste e no Brasil”, amplamente distribuída aos participantes.

Foram 12 km de caminhada em baixo do sol forte do sertão até chegar à praça principal da cidade de Itacuruba, onde houve celebração ecumênica, pronunciamentos e apresentações artísticas dos povos ribeirinhos e almoço comunitário de encerramento. Na ocasião foi apresentada a “Carta de Itacuruba” e a “Carta das Crianças”, ambas produzidas durante a Marcha e enviadas para a presidente Dilma a partir da Cúpula dos Povos, na Rio+20.

Histórico da Luta AntiNuclear na região

O Projeto Cultura de Paz, a Diocese de Floresta e outros parceiros como a Articulação Popular São Francisco Vivo e o Movimento Ecossocialista de Pernambuco (MESPE), junto com os povos indígenas, quilombolas e demais povos da região vem contribuindo com mobilizações que visam impedir qualquer possibilidade do governo brasileiro instalar Usinas Nucleares na região ou em outras partes do país.

Em outubro de 2011, a Caravana AntiNuclear formada por diversas organizações percorreu quatro cidades de Pernambuco, dentre elas Itacuruba, levando informações à população acerca dos impactos da energia nuclear. Desde então, assinaturas estão sendo coletadas para embasar uma Proposta de Emenda Constitucional que, dentre outras coisas, visa “vedar a construção, instalação e o funcionamento de usinas que operem com reatores nucleares para a produção de energia elétrica em qualquer ponto do território brasileiro”.

Na Marcha houve também coleta das assinaturas, o que está em andamento na região através das escolas, igrejas e outras organizações comprometidas com a vida do Rio São Francisco e seu povo.

 

Carta de Itacuruba

“A Cúpula dos Povos começa hoje!

Entre os dois eixos da Transposição de águas do Rio São Francisco, em direção ao território indígena Pankará, onde o governo pretende instalar a primeira usina nuclear do Nordeste, no coração do Semiárido em tempo de seca, nós, cidadãos, cidadãs, indígenas, quilombolas, movimentos sociais, populações urbanas, igrejas, homens, mulheres, idosos, jovens e crianças, reunidos na Marcha das Águas, juntos com as entidades promotoras e participantes deste Ato Público, inauguramos a Cúpula dos Povos em pleno sertão de Pernambuco, neste dia 03 de junho.

Marchamos para protestar e afirmar que as grandes obras não resolveram o problema do povo; uma usina nuclear só tende a piorar o que já é ruim. Não queremos mais uma obra que destrói a biodiversidade, contamina as águas, polui o ar, ameaça as pessoas e ainda pode deixar lixo atômico para as gerações futuras, nos próximos 100 mil anos.

O POVO NÃO QUER USINA NUCLEAR! Pois, até hoje centenas de famílias sofrem com os desmantelos causados pela Barragem de Itaparica, hoje denominada Luiz Gonzaga; são marcas profundas que o tempo não apaga. Não precisamos da energia termonuclear, porque ela é suja, cara e perigosa. Sob qualquer ponto de vista – social, ambiental, político, econômico e cultural – ela é insustentável e indefensável. Depois do acidente de Fukushima, no Japão, a maioria dos países dela desiste. Por que o Brasil insiste no obscuro Programa Nuclear? Exigimos a imediata suspensão deste programa. Temos, como nenhum outro país, muitas e diversificadas fontes de energia: a biomassa, solar, eólica, das marés – a serem desenvolvidas com respeito às pessoas e ao meio ambiente.

Tudo o que nos prometeram falhou. Nenhuma grande obra nos ajudou. Resultados reais tivemos, em algumas políticas sociais que chegaram dentro de nossas casas, em nossas comunidades e ajudaram a melhorar nossas vidas, boa parte delas em consequência da ação organizada da sociedade.
A hora grave vivida pela humanidade e pelo planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses econômicos, posturas éticas, de responsabilidade mútua pelo Bem-Comum das atuais e futuras gerações. A presença ainda numerosa de povos originários nesta região nos possibilita o resgate de suas tradições culturais, junto com a demarcação de seus territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de utopias de “um outro mundo possível”, sem a ameaça nuclear.

Nossa região não precisa de mais uma megaobra problemática, carecemos de investimentos públicos em educação, saúde, segurança, soberania alimentar e hídrica, economia popular e solidária, reforma urbana que humanize a cidade, reforma agrária verdadeira, agilidade no processo de identificação e demarcação dos territórios tradicionais. Queremos investimentos na Convivência com o Semiárido, na agroecologia, queremos água através das adutoras para as populações das cidades e a revitalização do nosso grande manancial que é o rio São Francisco. USINA NUCLEAR NÃO!

A hora grave vivida pela humanidade e pelo planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses econômicos, posturas éticas, de responsabilidade mútua pelo Bem-Comum das atuais e futuras gerações. A presença ainda numerosa de povos originários nesta região nos possibilita o resgate de suas tradições culturais, junto com a demarcação de seus territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de utopias de “um outro mundo possível”, sem a ameaça nuclear.

Por isso reafirmamos, a Rio+20 – particularmente a Cúpula dos Povos – começa aqui em Itacuruba, neste dia 03 de junho, em pleno sertão de Pernambuco. Dia que vai ficar marcado para sempre em nossa memória como Dia de Luta, afirmação da vontade popular!”

Articulação Antinuclear Brasileira – Articulação Popular São Francisco Vivo (SFVivo) – Articulação e Organização dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) – Associação Ambientalista da Cidade de Camaragibe/PE – Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF) – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA) – Associação dos Beneficiários do Projeto Miguel Arraes de Alencar/Petrolândia/PE – Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) – Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania/BA – Caritas NE2 – Centro das Mulheres do Cabo/PE – Centro Cultural Comunitário Direito de Ser/Itacuruba/PE – Coalização por um Brasil Livre de Usinas Nucleares – Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité/BA -Comunidades e Povos Indígenas dos Pankará, Pankararu, Tuxá, Pankararé, Atikum, Neopankararé – Comunidades Quilombolas Negros de Gilú, Poço dos Cavalos e Ingazeira/Itacuruba – Comunidade Quilombola Conceição das Crioulas/Salgueiro/PE – Confraria do Rosário (Remanescentes de Quilombo)/Floresta/PE – Confraria dos Romeiros de Floresta/PE – Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – Conselho Municipal de Meio Ambiente/Jatobá/PE – Diocese de Floresta – Eco Vida/Cabo/PE – Executiva Nacional dos Estudantes de Veterinária (ENEV) – Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO) – Federação Nacional dos Estudantes de Direito (FENED), Federação de Órgãos para a Assistência Social de Educação (FASE) – Fórum de Reforma Urbana de Recife/PE (FERU) – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB) – Fundação Heinrich Böell – Greenpeace – Grêmio Estudantil Ação Jovem/Belém do São Francisco/PE – Igrejas Evangélicas de Jatobá/PE – Instituto Bioeste/BA – Instituto Búzios/BA – Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) – Instituto da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)/Juazeiro/BA – Movimento Ecossocialista de Pernambuco (MESPE) – Movimento Iniciativa Popular Contra Usinas Nucleares – Paróquias de Belém de São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá/PE – Prefeitura de Jatobá/PE – Projeto para o Semiárido Tacaratu (PROSA)/PE – Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto para a América Latina – Secretaria de Educação de Jatobá/PE – Secretaria de Cultura de Itacuruba/PE – Secretaria de Educação de Floresta/PE – Serviço Pastoral dos Migrantes no Nordeste (SPM_NE) – Sindicato dos Professores de Floresta/PE – Sindicato dos Químicos de São Paulo/SP – Cooperativa Agropecuária Familiar do Assentamento Angico II (COOPAFITA) / Itacuruba/PE.

 

NOTÍCIAS DA MARCHA

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Imagens da Marcha

www.mespe.com.br

Matéria veiculada no Repórter Brasil (Tv Brasil)

www.youtube.com

Carta de Itacuruba

www.racismoambiental.net

Outras notícias:

www.luctasocial.blogspot.com

www.saofranciscovivo.com.br

www.blogs.diariodepernambuco.com.br

 

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RIO+20 COMEÇA EM ITACURUBA


Entre os dois eixos da Transposição de águas do Rio São Francisco, em direção ao território Pankará, onde o governo pretende instalar a primeira usina nuclear do Nordeste, no coração do Semiárido em período de seca, uma marcha de indígenas, quilombolas, movimentos sociais, populações urbanas, igrejas, homens, mulheres e crianças, inaugura a Rio+20 em pleno sertão de Pernambuco no dia 03 de junho.

As grandes obras não resolveram o problema do povo, uma usina nuclear só tende a piorar o que já é ruim. Não queremos mais uma grande obra, dessas que destroem a biodiversidade, contaminam as águas, poluem o ar, ameaçam as pessoas e ainda podem deixar lixo atômico para as gerações que viverão nos próximos 100 mil anos.

Queremos investimentos na Convivência com o Semiárido, queremos água através das adutoras para o meio urbano, garantia dos territórios das comunidades tradicionais, agroecologia, educação, saúde e a revitalização do São Francisco.

Tudo que nos prometeram falhou. Nenhuma grande obra nos ajudou. Só temos alguns resultados nas políticas sociais simples, que chegaram dentro de nossas casas, que ajudaram a melhorar nossas vidas, lembrando que boa parte delas vieram por meio da ação da sociedade civil organizada, das ONG's, das igrejas e não diretamente dos governos.

Venham marchar conosco. Dia 3 de junho, 6h da manhã, sairemos do trevo de Itacuruba, entre Belém do São Francisco e Floresta. Vamos inaugurar a agenda dos movimentos sociais, com mobilizações que se estenderão ao mundo inteiro.
A Rio+20 – particularmente a Cúpula dos Povos - começa no dia 03 de junho, em Itacuruba, sertão de Pernambuco.

 

 

O quê? Marcha das Águas

 

 

 

Onde? Itacuruba – PE

 

Quando? 03 de junho de 2012

 

Realização:
Articulação Popular São Francisco Vivo
Projeto Cultura de Paz
Diocese de Floresta

 

Apoio:
MESPE
KINDERMISSIONSWERK
CESE
PREFEITURAS
GRE FLORESTA

Contato: marchadasaguas@gmail.com
Facebook: Marcha das Águas
 

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