República de Estudantes

A República de Estudantes do Irpaa, localizada no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro-BA, é uma experiência que nasceu nos anos de 1990, com a proposta de apoiar jovens, vindos de comunidades rurais e tradicionais, a terem acesso à educação escolar e, sobretudo, voltada à formação de jovens lideranças, para que estes pudessem atuar como multiplicadores de práticas e conceitos da Convivência com o Semiárido em suas comunidades, municípios ou qualquer outro espaço de atuação social.
Os jovens que vivenciam esta formação, são oriundos de comunidades tradicionais do Semiárido: Fundo de Pasto, quilombola, ribeirinha e indígena. Filhos e filhas de agricultores/as familiares, que possuem atuação na comunidade e nas organizações sociais da região. E para fazer parte deste espaço de formação, é preciso que sejam indicados/as por organizações sociais, que também desenvolvem ações na defesa de direitos e organização social das comunidades. Após a indicação, é feita uma seleção interna, conforme as vagas e perfil dos/das jovens.
Durante o período que passam morando na República do Irpaa, os jovens além de estudarem cursos ligados a agropecuária e ciências humanas oferecidos pela educação pública, também contam com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar do Irpaa, que realiza formações específicas sobre a Convivência com o Semiárido, formação humana e política, além de orientações sobre manejo e práticas agropecuárias de Convivência com o Semiárido. Estas formações são vivenciadas através de oficinas, dias de campo, intercâmbios, cursos, seminários e envolvimento com outros grupos através de encontros e mobilizações sociais.
Como contrapartida e envolvimento na formação, os jovens são responsáveis pela manutenção de áreas produtivas e das tecnologias sociais do Centro de Formação Dom José Rodrigues. Diariamente, a turma desenvolve tarefas como: cultivo de hortaliças e outros alimentos; cuidam dos animais (cabras e galinhas) e mantém o cuidado com as áreas das tecnologias sociais existentes no espaço.


Estas áreas, que são gerenciadas pelos jovens, são vitrines de demonstração durante as trilhas e visitas que acontecem no Centro de Formação. Neste processo, os/as estudantes também passam a atuar como “professores” das práticas e ideias da Convivência com o Semiárido, contribuindo com a formação dos diversos públicos que visitam o espaço em busca de conhecer mais sobre as tecnologias sociais voltadas para essa região. Assim, o processo de aprender e ensinar é vivenciado constantemente pelos jovens estudantes.
Com uma rotina dividida entre: práticas de campo, formação com a equipe, estudos pessoais e aulas escolares, os jovens também são responsáveis pela gestão das tarefas domésticas, que são compartilhadas entre moças e rapazes, prezando pela igualdade de gênero e divisão justa dos trabalhos: da casa, da roça, das formações e demais tarefas que forem definidas.

