IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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03.08.2023

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Agricultores e agricultoras participam de intercâmbio e conhecem experiências da agricultura familiar em Juazeiro e no Semiárido Show em Petrolina

Aprendizados, troca de experiências, interação com outras culturas e realidades, aquisição de produtos da agricultura familiar, animação e entusiasmo. Essas foram algumas das vivências proporcionadas pelo intercâmbio realizado com agricultores e agricultoras assessoradas pelo projeto Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) Bioma Caatinga executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), no Território Sertão do São Francisco.

Durante o intercâmbio, que teve duração de 5 dias, realizado esta semana, os/as agricultores/as puderam vivenciar a vasta programação do Semiárido Show, em Petrolina, além de conhecer o Centro Público de Economia Solidária (Cesol) e o Armazém da Caatinga, em Juazeiro, e realizar a trilha da Convivência com o Semiárido, no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), do Irpaa. Espaços diversos que possibilitaram a ampliação do debate acerca da importância da agricultura familiar, das tecnologias sociais, do beneficiamento dos alimentos, da comercialização dos produtos e da conservação da Caatinga.

Através do intercâmbio, a agricultora Natalia Cardoso, da comunidade Esfomeado, em Curaçá teve a oportunidade de visitar pela primeira vez, o Semiárido Show. Natália destaca o quanto foi importante a troca de conhecimentos proporcionada pelo intercâmbio. “Foi ótimo, aqui tem várias culturas, várias pessoas de outros locais e proporciona novos conhecimentos”. A agricultora se encantou com a horta de policultura agroecológica que pôde conhecer na área de demonstração de campo, e pretende levar para implantar na sua comunidade.

A jovem Aline Rocha, da comunidade Café da Rosa, em Sento Sé, relata o que mais lhe chamou a atenção nesta edição do Semiárido Show “Adorei as palestras, com temas novos que nem o AgroKaatinga e o Biomassa, estão fazendo palestra para o pessoal aprender e levar para a comunidade (…) para o povo ter conhecimento que existem outras formas e alternativas de tecnologias para viver no campo”.

Esses momentos de troca de saberes são importantes também para conhecer outras realidades e despertar o sentimento de valorização das comunidades, é o que ressalta a jovem Stefane Lorrayne da Silva, da Fazenda Rocinha, em Juazeiro. “O Semiárido Show é uma riqueza, tudo me chamou a atenção, os projetos, os estandes, mas o que mais me chamou atenção foi ver outras realidades, depoimentos de pessoas de quilombos, muitas vezes falando sobre coisas que a gente tem e não é grato, não dá valor”.

Já a agricultora, Maria Aparecida da Costa, da comunidade Palmeira, em Casa Nova, ficou encantada com a Vila da Economia Solidária, espaço que reúne uma variedade de comidas, bebidas e produtos artesanais oriundos da agricultura familiar. “O que mais me chamou a atenção foi a Vila da Economia Solidária, porque lá tem tudo, e uma coisa que eu achei bem interessante, foi o estande dos indígenas”. Além disso, dona Maria participou da palestra Divisão Justa do Trabalho Doméstico, e diz que “é uma coisa que quero levar para dentro da minha comunidade e aplicar na minha família”.

Poder visualizar diversas experiências e possibilidades tanto no Semiárido Show, quanto em outros espaços contribui para a formação das famílias agricultoras, é o que destaca o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana “Um dos pontos altos da formação de conhecimento é a troca de experiências, e os agricultores e agricultoras gostam muito desses espaços (…) No Semiárido Show tivemos uma diversidade muito grande de experiências, na parte de caprinos, de galinhas, de solos, de manejo, Caatinga, resiliência climática. (…) Isso sem dúvida nenhuma vai causar um impacto não só de conhecimento, mas visual mesmo, quando eles veem as experiências, as áreas demonstrativas, os experimentos de campo, os dias de campo, isso fica de fato marcado nas famílias”.

Alessandro fala também da importância dos/as agricultores/as conhecerem espaços de comercialização a exemplo do Armazém da Caatinga “Esse espaço é uma vitrine não só para os produtos do Semiárido, mas de outros biomas para visitantes, numa área nobre, na Orla de Juazeiro, para mostrar que os produtos da agricultura familiar, de fato, podem e devem estar em ambientes de destaque”, evidenciando assim, a força e valorização dos produtos da agricultura familiar.

O colaborador do Irpaa, Júlio Cézar Lopes, enfatiza que, com esse intercâmbio, as famílias também podem compreender na prática a importância das políticas públicas e do trabalho de assessoria junto às comunidades. “Conhecer as experiências traz uma oportunidade de debater políticas públicas. A partir do momento que a gente apresenta essas tecnologias sociais, essas estratégias, essas formas de comercialização, e faz o debate na comunidade, incentivando que cada comunidade no seu município incida politicamente para que consiga acessar políticas públicas e implante isso nas suas comunidades, é uma forma de promover a Convivência com o Semiárido que é necessária para o Bem Viver das populações”.

O Ater Bioma Caatinga, acompanha através de ações executadas pelo Irpaa, 1.080 famílias agricultoras nos municípios de Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Sento Sé e Sobradinho. As atividades vão ser realizadas durante quatro anos, e são financiadas pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Fotos: Irpaa