IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

Viver no sertão é conviver com o Clima

Formulário de Busca


Notícias

Agroecologia e força da coletividade transformam vidas em comunidades rurais

Agroecologia e força da coletividade transformam vidas em comunidades rurais

“Pró-Semiárido é sobre força
Sobre coletividade
Sobre acreditar em um povo
Sobre as oportunidades
E as portas que se abrem
Quando se juntam pessoas
Formando os territórios e unindo comunidades”.
(Trecho do cordel de Emily Silva)

E foi assim, com cordel, música, cultura popular, diálogos, compartilhamento de boas práticas e inovações nas experiências vivenciadas que se encerrou os seminários territoriais de avaliação do projeto Pró-Semiárido realizados na Bahia desde o dia 9 de fevereiro. O Seminário de Resultados e Impactos do Pró-Semiárido passou pelos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim, finalizando nesta quinta-feira (16), em Juazeiro.

Com o tema "Da Semente aos Frutos", o evento reuniu dezenas de agricultoras/es que foram diretamente impactadas/os pelas ações do projeto, através das atividades de organizações parceiras locais, técnicas e técnicos. Durante o seminário foram apresentadas experiências realizadas nas comunidades assessoradas e aconteceu uma avaliação das/os participantes sobre o desempenho do Pró-Semiárido.

Desde 2016, quando foi criado, o projeto possibilitou uma diversidade de ações na região de Juazeiro, todas com base nos princípios agroecológicos. Foram apresentadas no evento, experiências nas áreas de: assessoria técnica continuada, ação de recaatingamento, sementes crioulas, associativismo, cadernetas agroecológicas e certificação orgânica participativa. Essas iniciativas colocaram sempre em evidência o protagonismo dos/as agricultores/as na realização das atividades e foram fortalecidas a partir das formações e assessorias realizadas.
Também foi apresentada a importância da Implantação do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) no Território Sertão do São Francisco através do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável do Território do Sertão do São Francisco (CONSTESF), que possibilitou a produção nas agroindústrias e a comercialização nos mercados locais. As ações do Pró-Semiárido envolveram ainda temas como a regularização ambiental de povos e comunidades tradicionais (Fundo e Fecho de Pasto e quilombola), acesso a políticas públicas, atuação de agentes comunitários rurais (ACR's) e implantação de agroindústrias. A partilha e avaliação dessas ações no evento evidenciaram a importância do apoio do projeto a demandas e necessidades locais.

A partir dessas ações, a coordenadora administrativa do Irpaa, Nívea Rocha, destaca o quanto o Pró-Semiárido foi importante para a Convivência com o Semiárido. “O Pró-Semiárido é um grande laboratório de Convivência com o Semiárido (...) permeia nessa trajetória, a integração de todas as ações que possibilitaram a política pública, (...) temos grandes resultados do trabalho formativo de acesso a água de produção, das metodologias participativas que são de grande valia, e hoje a gente tem as mulheres no centro da economia visibilizadas, que muitas vezes não se percebia nesse lugar”.

Nívea ressalta ainda que é preciso ocupar espaços e continuar progredindo nas políticas públicas. “[...] a Lei de Convivência com o Semiárido está aí, a gente precisa ir para o campo buscar orçamento para continuar fortalecendo e potencializando tudo isso. A Lei de Agroecologia e Produção Orgânica está indo para Câmara é outra luta. E o Pró-Semiárido e as comunidades têm muito a ver com isso, porque se a gente não demonstra toda a nossa capacidade e potencial de produzir, beneficiar e comercializar, a gente não consegue demarcar território”.

Durante o Seminário, o subcoordenador do componente Produtivo e Acesso a Mercados do Pró-Semiárido, Carlos Henrique Ramos, fez questão de frisar sobre a base do Projeto, a agroecologia. “Agroecologia sem feminismo também não existe, como também agroecologia sem biodiversidade, sem diversidade cultural, diversidade de plantas, sem essa diversidade toda que nos cerca também não existe. Como também não existe agroecologia sem sementes crioulas (...). Também não há agroecologia sem associativismo, sem todo esse processo que aglutina (...) E nesse processo que nós construímos aqui, (...) procuramos formar, grupos de interesse, comissões, associações, processos sempre coletivos”.

Sobre a importância da agroecologia e do trabalho comunitário, coletivo, o agricultor Lucas, do território Vida Produtiva, que integra as comunidades Correnteza, Sangradouro e Lagoa Grande, em Sobradinho, afirma que “O Pró-Semiárido veio para transformar vidas, trazer esperança (...) Dois pontos que o Projeto trouxe para nossas comunidades, sem falar nas tecnologias, esse trabalho, essa vivência agroecológica, (...) e vivência social, algo que estava perdido nas nossas comunidades (...). Mas o Pró-Semiárido veio trazer essa união”.

A agricultora Maria Silvani dos Santos, da fazenda Sariema, distrito de Pinhões em Juazeiro, conta que o Pró-Semiárido possibilitou uma vida melhor, reafirmando a importância das políticas públicas voltadas para a Convivência com o Semiárido. “Foram benefícios que realmente trouxeram melhoria de vida para nós. Foi na implantação de muita coisa que está relacionada no nosso dia a dia (...) Foram tecnologias que vieram para a pessoa que mora no campo, na caatinga como eu moro (...) eu recebi o galinheiro, eu recebi o reúso. Eu já reutilizava a água mesmo sem filtrar, agora ela é filtrada e canalizada em um lugar só, onde eu ligo a bomba e distribuo nas minhas fruteiras, nas forragens. Então, esse reaproveitamento da água foi a melhor coisa (...) hoje eu tenho bastante coisa graças ao reúso.

A fala de dona Silvani reflete um pouco dos benefícios que o Pró-Semiárido gerou nas famílias e comunidades. Assim, como resultados e impactos das ações desse projeto, podemos destacar a redução de famílias em situação de pobreza em até 55%; crescimento do uso da Associação no processamento da produção em até 240% e no apoio à venda dos produtos em até 166%; acesso a políticas públicas para agricultura familiar em 85%; aumento nas práticas agroecológicas em 87%, a visibilidade da força econômica das mulheres na família, dentre vários outros.

Para que os ganhos a partir das ações implementadas pelo projeto não sejam perdidos é preciso que as famílias deem continuidade à boa gestão, as associações precisam continuar funcionando e a metodologia utilizada pelos ACR's também. Além disso, é preciso manter as parcerias, manter os grupos existentes, acessar projetos e editais, e passar adiante os conhecimentos adquiridos durante as formações.

No Seminário também foram pontuadas atividades que precisam ser fortalecidas, pensando em projetos futuros, a exemplo da comunicação, como trouxe a participante, Érica Daiane, ao lembrar dos “Jovens Comunicadores”, outra ação do Pró-Semiárido, que está ajudando a formar novas lideranças nas comunidades, fortalecer a cultura local e gerar renda para a juventude. “Eu acredito na comunicação como estratégia poderosa de formação, sobretudo, da juventude. E a gente inova quando faz isso com a juventude do campo, potencializa a comunicação rural, e mais do que instrumentalizar essa juventude, os “Jovens Comunicadores” estimulou o sentimento de pertencimento, do amor sobre a cultura popular, da comunicação contextualizada à realidade”.

As ações foram coordenadas regionalmente pelo Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF) dos municípios de Juazeiro, Senhor do Bonfim e Jacobina. O Pró-Semiárido é um Projeto do Governo da Bahia, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

 


Veja também

< voltar    < principal    < outras notícias

Página:

Agroecologia e força da coletividade transformam vidas em comunidades rurais

Para:


Suas informações:



(500 caracteres no máximo) * Preenchimento obrigatório




Campanhas

Newsletters

Cadastre seu e-mail para receber notícias.

Formulário de Contato





Faça sua doação


Copyright © 2005 - 2009 IRPAA.ORG Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - IRPAA
Avenida das Nações nº 04 - 48905-531 Juazeiro - Bahia, Brasil
Tel.: 0055-74-3611-6481 - Fax.: 0055-74-3611-5385 - E-mail: irpaa@irpaa.org - CNPJ 63.094.346/0001-16
Utilidade Pública Federal, Portaria 1531/06 - DOU 15/09/2006 Utilidade Pública Estadual, Lei nº7429/99
Utilidade Pública Municipal, Lei nº 1,383/94 Registro no CNAS nº R040/2005 - DOU 22/03/2005