Devemos ainda mencionar que a perfuração de um poço, não garante a água ao lado da casa. Especialmente no subsolo cristalino, os pontos com água suficiente e de qualidade ficam distantes entre si e, muitas vezes, distantes de casas e povoados. Assim o trabalho diário e cansativo de buscar água por longas distâncias continua pesando na família, especialmente na mulher.

Todas as manifestações do clima semi-árido aparecem no cristalino com mais peso e reforçados, como se fossem ampliados por uma lente de aumento. A camada de solo possui pouca profundidade, por isso pode armazenar pouca água e as raízes logo encontram a rocha impenetrável, dura como vidro. Aqui o solo resseca muito mais rápido e as plantas da Caatinga perdem mais cedo as suas folhas e entram no estado de descanso, a hibernação da seca.
Com muita clareza se pode observar esta influência do subsolo à vegetação, numa viagem de Euclides da Cunha a Cícero Dantas. Neste trecho se atravessa uma longa intrusão de pedra sedimentar que, da baia de Todos os Santos, de Salvador partindo para o norte, alcança o estado de Pernambuco. Neste trecho encontramos exatamente a mesma precipitação de cerca de 800 mm, na média anual. A primeira parte da viagem passa por cima de subsolo cristalino. A vegetação é rala, baixa e retorcida, com muitos espinhos.
Depois de ter deixado para trás o limite cristalino/arenito, parece que a viagem passa por outro país. Não mudou nada na precipitação, também nada na evaporação anual. Mas sumiram os cactos, a Caatinga ficou arbórea, com árvores mais altas e mais fechada. Também as plantas armadas de espinhos sumiram quase por completo.

 


Este mapa mostra o grau de prioridade para a construção de cisterna
para toda região nordeste (Quadro 7).

 

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