Representantes de todos os continentes estiveram reunidos esta semana em Taiwan, no leste da Ásia, na 15ª Conferência Internacional de Sistemas de Captação de Água da Chuva.
O colaborador do Irpaa presente no evento, João Gnadlinger, apresentou a cisterna de alambrado, modelo adotado no projeto piloto “Construção de Cisternas Familiares e Validação Social de Legumes no Haiti” que, entre 2006 e 2009, construiu 12 cisternas no Haiti a partir de uma parceria entre o Irpaa, a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a ABC (Agência Brasileira de Cooperação).
Na construção deste tipo de cisterna é utilizada a tecnologia da tela de alambrado, que resulta em paredes homogêneas e por isso muito resistentes. Além da tela são usados também sombrite, tela de arame galvanizada ou sacos de cebola novos como base de sustentação da argamassa. O sombrite e os sacos de cebola precisam ser lavados com sabão em pó para retirar substâncias originadas do processo de fabricação, as quais podem gerar doenças no contato com a água.
A apresentação chamou bastante atenção dos participantes, sobretudo do Japão, pois as cisternas que foram construídas no Haiti resistiram ao terre
moto ocorrido no país em 2010. A avaliação do Engenheiro Agrônomo do Núcleo de Cooperação Técnica da Embaixada do Brasil no Haiti, Wesly Jeune, pode confirmar que das cisternas construídas pelo projeto brasileiro “as oito localizadas na área mais afetada pelo sismo naquela região resistiram bem ao choque, não sofrendo nem uma rachadura sequer. Muitas casas no mesmo local desabaram ou sofreram danos, o mesmo ocorrendo com reservatórios subterrâneos tradicionais”, diz o relatório.
moto ocorrido no país em 2010. A avaliação do Engenheiro Agrônomo do Núcleo de Cooperação Técnica da Embaixada do Brasil no Haiti, Wesly Jeune, pode confirmar que das cisternas construídas pelo projeto brasileiro “as oito localizadas na área mais afetada pelo sismo naquela região resistiram bem ao choque, não sofrendo nem uma rachadura sequer. Muitas casas no mesmo local desabaram ou sofreram danos, o mesmo ocorrendo com reservatórios subterrâneos tradicionais”, diz o relatório.Os reservatórios de captação de água de chuva no Haiti provavelmente não racharam porque foram construídas fora do chão, em cima de uma base de seixos e cascalho, um método que se aplica também na construção dos prédios no Japão e que possibilitou aos mesmos suportarem um terremoto de força 9,0 na Escala Richter, enquanto os prédios no Haiti caíram com força 6,0.
Incentivo ao uso da água da chuva
Este ano, no dia 22 de março, Dia Mundial da Água, foi lançada a Declaração Conjunta sobre o aproveitamento da Água de Chuva, considerando a captação e manejo da água de chuva como um “importante instrumento nos esforços para minimizar os problemas relacionados com a água que já existem”.
No Taiwan, a captação e uso da água da chuva também são feitos fora da área rural, a exemplo das indústrias e escolas das cidades. O público participante da 15ª Conferência visitou um complexo industrial que produz televisores de tela plana de última geração e para isto precisa de 3.600 m³ de água por dia. Esta água tem sido captada da chuva e também a partir de reciclagem.
Contra as tecnologias que destroem os recursos naturais
Os japoneses (e taiwaneses) tem cada vez mais demonstrado interesse por tecnologias de captação de água de chuva para diversos usos em vez da utilização de formas que podem se mostrar eficientes mas tem drásticos efeitos a médio e longo prazos. As Usinas Nucleares, por exemplo, principais fontes de energia no Japão, tem tido aversão de muitos japoneses devido às conseqüências proporcionadas pelo vazamento de material radioativo depois do terremoto que atingiu o país em março deste ano. Estes impactos provocam trágicos desastres ambientais que destroem a vida da população e afetam o ciclo dos recursos naturais, enquanto políticas públicas poderiam investir em formas sustentáveis de convivência com a realidade geográfica de cada região do mundo.
No Vale do São Francisco, mais especificamente no estado de Pernambuco, existe hoje a possibilidade da construção da primeira Usina Nuclear do Nordeste. Se o projeto for realmente aprovado – a decisão final é do governo brasileiro – a Usina será instalada no Sítio Belém do São Francisco e terá seis reatores com capacidade de gerar 6.600 megawatts, provocando impacto na cidade de Itacuruba, que possui pouco mais de 4 mil habitantes e está localizada a 8 Km do local da Usina e a 470 km do Recife. (Ver aqui mais informações).
O empreendimento está orçado em aproximadamente R$ 10 bilhões, valor que poderia ser investido na construção de cisternas e outra tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva e em outras formas de geração de energia, a exemplo da energia solar.





