Enquanto você lê esta matéria, mais de 30 milhões de pessoas passam fome no Brasil. São crianças, jovens, idosos, homens e mulheres sem se alimentar. Já imaginou o que é sentir fome? Seu estômago doer, sua energia esgotar, não ter nada para comer e nem saber quando terá? E já parou para pensar por que há tantas pessoas com fome num país que é o maior produtor de alimentos do mundo, que produz alimento para si e para exportação?
A fome não é uma questão natural, por conta da seca, da enchente, falta de terra ou falta de produção. A fome no Brasil é uma questão política. “Dizemos que é coisa natural, alguns dizem até que é vontade de Deus, mas é única e exclusiva responsabilidade da sociedade brasileira que permite que a política no Brasil deixe as pessoas com fome”, afirma o presidente do Irpaa, Moacir Santos.
Para falar deste assunto tão sério e que diz respeito a todas e todos, a Campanha da Fraternidade 2023, traz como tema a Fome, partindo da reflexão bíblica “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16), com intuito de refletir sobre o espírito de caridade e de compromisso com a justiça social que todas e todos devemos ter.
As campanhas da fraternidade têm como objetivo despertar a solidariedade nos fiéis e na sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções. Nesse sentido, o Bispo diocesano Dom Beto Breis discorre que a Campanha da Fraternidade convida as pessoas “a imitar a misericórdia do pai e seguir a dor dos que passam fome, e esta compaixão, esse sentir a dor do outro, leva à solidariedade, às ações, não só para situações emergenciais, porque a fome tem pressa, mas também para debelar, afrontar e enfrentar as causas da fome, as raízes da fome”.
Moacir relembra sobre o símbolo sagrado que o alimento representa. “Para um cristão, a fome é o pior dos castigos que uma pessoa pode ter. No cristianismo, o alimento é um símbolo sagrado, tanto é que o momento maior da religiosidade cristã é a eucaristia, onde o Cristo se faz alimento para o seu povo. Corpo e sangue de Cristo se tornam alimento para o seu povo. Passar fome é o pior dos castigos que uma pessoa pode receber, e uma pessoa cristã deixar ou aceitar que a outra pessoa passe fome é um dos piores pecados que ela pode cometer”.
Dom Beto traz ainda uma fala do Papa Francisco, quando expõe em sua Carta Encíclica Fratelli tutti, o escândalo da fome e diz que o atual sistema é assassino. “As crises sociais políticas e econômicas fazem morrer à fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos humanos, por causa da pobreza e da fome, reina o inaceitável silêncio internacional”.
Moacir também reflete que “A discussão de combate a fome já vem de muito tempo e não vai terminar com a Campanha da Fraternidade, mas é um momento forte, onde a gente pode reunir, discutir bastante as causas e consequências da fome e as possibilidades para eliminar essa fome. Então, é um engajamento político que a igreja faz convocando todos os cristãos a fazer parte desta luta para de fato trazer o mínimo de dignidade para as pessoas, que é ter três refeições diárias pelo menos”.
Assim, para fomentar a discussão, a Diocese de Juazeiro realiza uma formação para preparação da Campanha da Fraternidade nos dias 14 e 15 de fevereiro, na modalidade on-line, através do canal da Diocese Juazeiro no YouTube. A formação que conta com a participação de Moacir Santos; do assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diácono Rodrigo; e da professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Angela Carneiro, visa denunciar as causas da fome, as consequências para o seu povo, e anunciar as possibilidades de enfrentamento.
A formação diocesana sobre a Campanha da Fraternidade é gratuita. Acesse o canal da Diocese de Juazeiro, através do link: https://www.youtube.com/user/DioceseJuazeiro?app=desktop.
Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa