Mulheres de Casa Nova debatem agroecologia e fortalecimento feminino

Mulheres assessoradas pelo projeto de ATER voltado para a agroecologia das comunidades Lagoinha, Melancia e Serra Branca se reuniram na última quarta-feira (14), em Lagoinha, Casa Nova-BA. No encontro, foram abordados vários assuntos com foco na agroecologia, desde relações de gênero até a importância da caderneta agroecológica para o reconhecimento de trabalho e geração de renda feminina. No encontro, as mulheres elaboraram estratégias para fazer as anotações na cartilha e construíram um plano de ação para o fortalecimento feminino no município. Segundo as participantes, as sobrecargas de trabalho doméstico dificultam a presença das mesmas em alguns espaços.

Estelina Rocha, da comunidade Melancia, destaca a importância do projeto para a comunidade. “A melhor parte é o conhecimento. Esse projeto vem para melhorar a qualidade de vida das mulheres que trabalham com a agroecologia”. Dona Estelina ressalta também que é importante que todas as mulheres que trabalham com agroecologia saibam a importância que o tema tem dentro da comunidade e no meio em que vivem. Ela ainda avalia o evento como “um momento de troca de conhecimentos” entre as comunidades.

Durante o encontro, foi muito forte o debate do empoderamento feminino e relações de gênero a partir da agroecologia. O machismo foi muito citado, como também a necessidade e urgência de dividir o trabalho doméstico no convívio familiar, para retirar essa sobrecarga das mulheres, que muitas das vezes, para a sociedade, é um trabalho invisível.

Segundo Tamillo de Souza, colaborador do Irpaa, o trabalho de assessoria técnica e o desenvolvimento das mulheres a partir do trabalho agroecológico, tem sido muito positivo. “Como as mulheres têm um papel mais presente nessas atividades, no seu quintal, no cuidado com a família, a assessoria técnica fez com que essas mulheres pudessem melhorar suas produções para ter uma produção de qualidade para o seu próprio consumo e também ser uma fonte de renda a mais ali para a família”.

 

O fortalecimento da mulher na sociedade passa pela geração de renda, que por sua vez, depende de melhores condições de trabalho e acesso a conhecimentos que facilitem sua prática. Tamilo ressalta a dificuldade que as mulheres tinham na criação de galinhas e que começou a ser superada com o apoio da assessoria técnica. “Elas estavam desanimadas porque o custo da ração é muito elevado, então através da assessoria, a gente incentivou essas mulheres a produzir a sua própria ração para dar as aves de forma agroecológica, utilizando ingredientes de sua propriedade”, conta o colaborador do Irpaa.

Tamillo avaliou os dois dias de atividade (14 e 15), como “muito produtivos”. Segundo o mesmo, percebe-se uma sobrecarga diária das mulheres em suas casas, que acabam dificultando a presença delas em espaços sociais. “Ainda não há uma divisão justa de trabalho entre a família, essa é a maior dificuldade que elas trouxeram. Então durante esses dois dias a gente discutiu muito, trabalhamos em cima desse empoderamento da mulher, para que elas se fortaleçam”.

A atividade realizada em Casa Nova, faz parte de um projeto do Governo do Estado da Bahia e também acontece em outros municípios assessorados pelo Irpaa no Território Sertão do São Francisco.

Texto: Lusan Paiva, estudante da República do Irpaa
Revisão: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Fotos: Lusan Paiva e Tamilo Souza