Cores, aromas, texturas, sabores e resistência, são elementos encontrados na diversidade de produtos oriundos das mãos de agricultores e agricultoras que festejaram hoje (27) o lançamento do Armazém da Caatinga, em Juazeiro (BA). O espaço é fruto de muita luta e organização da Central da Caatinga, que existe formalmente desde 2016 e reúne cooperativas e grupos informais que trabalham com a produção, comercialização e/ou beneficiamento de produtos de origem vegetal e animal, a partir do extrativismo sustentável da Caatinga ou da produção apropriada que dialoga com a proposta de Convivência com o Semiárido.
“ O dia de hoje representa uma vitória muito grande dos empreendimentos, dos produtores e produtoras, tudo que foi feito lá atrás, que foi trabalhado e construído como estratégia de comercialização dos produtos resultou nesse sonho que tá realizado”, expressa o presidente da Central de Comercialização das Cooperativas da Caatinga – CECAAT, Adilson Ribeiro. Ele ainda destaca que o acesso às diversas políticas públicas contribuiu para o empoderamento e valorização da identidade dos povos dos Semiárido.
No Armazém da Caatinga estão expostos produtos beneficiados dos biomas Caatinga, Cerrado e Amazônia. Alimentos agroecológicos e orgânicos produzidos por mulheres e homens de 10 Estados do país, que podem ser encontrados na Vila Bossa Nova, às margens do Velho Chico, local onde o Armazém está localizado, espaço que vai proporcionar a integração entre o campo e a cidade. Um dos estados presente no Armazém é o Pará, que está representado pela farinha Quebec, produzida na comunidade rural Itaboca Ramal, em Tomé-Açu A produção é feita pelo empreendimento Quebec, casa de farinha que trabalha diretamente com 14 mulheres e faz parcerias com diversos produtores/as locais para aquisição de matéria prima visando incentivar a agricultura familiar local.
A representante da Quebec, Ginelda Silva esteve presente no lançamento do Armazém e afirma que “esse mercado pra gente é a coisa mais importante que a gente conquistou, para nós é um sonho realizado (…) a gente nunca tinha chegado a esse ponto de comercialização”. Além da farinha, o grupo também trabalha com maniçoba, tucupi, massa de macaxeira entre outros produtos que aliado ao acesso de políticas públicas tem “transformado nossas vidas, mudando é pouco, valorizou nossos produtos”, afirma Ginelda.
Outra comunidade que vem celebrando a melhoria na qualidade de vida através do trabalho coletivo é Brejo Dois Irmãos, localizada em Pilão Arcado, interior da Bahia. A comunidade trabalha com o beneficiamento de buriti. Para a presidenta da Associação Comunitária e Beneficente Brejo Dois Irmãos, Eliane das Virgens, ter os doces de buriti nas prateleiras do Armazém é motivo de muito orgulho e possibilita maior visibilidade e autonomia das famílias brejeiras. “Meu sentimento hoje é de reconhecimento, estão reconhecendo nosso produto, nosso valor, e isso nos dar mais ânimo para trabalhar”, argumenta Eliane, que ainda complementa afirmando que todas essas conquistas são resultado de muita luta das comunidades rurais, que aliada às políticas públicas, a exemplo do trabalho de Ater, tem possibilitado o fortalecimento da agricultura familiar.
A implantação do Armazém contou com diversas parceiras, uma delas é da Cresol. Para a presidente da Cresol/Sicoob Tamires Ferreira, contribuir na concretização de um empreendimento que trabalha com economia solidária e cooperativismo é de muita alegria. “É muito gratificante junto com a Central da Caatinga poder está participando e proporcionado um sonho dos agricultores familiares da nossa região”, relata Tamires.
A Central conta também com parceria e fomento do Governo da Bahia, através do projeto Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) com co-financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). De acordo com o governador do estado Rui Costa que esteve presente no lançamento do armazém, o estado vai “continuar fortalecendo os projetos da agricultura familiar”.
Texto e foto: Educação e Comunicação Irpaa