“O que é Convivência com o Semiárido e que sociedade queremos?”. Foi esse questionamento que norteou a live temática que deu início à programação da celebração dos 30 anos do Irpaa, transmitida através do canal TV Irpaa, no Youtube. Mediada por Maísa Antunes, Mestre em Educação e sócia da instituição, a live trouxe as falas ao vivo de Haroldo Schistek, presidente do Irpaa, e do agricultor e sócio do Irpaa, Luís Mota. A celebração começou ao som da canção “Primavera Sertaneja”, na voz do cantor e compositor Neudo Oliveira, que fez participações musicais durante toda a live.
Como um dos fundadores, Haroldo reafirmou a missão da instituição, explicando a proposta da Convivência com o Semiárido a partir de uma visão geral sobre a necessidade humana de adaptação ao local onde vive. “Desde que os humanos adquiriram inteligência e percepção do meio ambiente, entenderam que temos que nos adaptar ao clima, ao tempo, à chuva, à seca e ao solo, para poder viver”, disse. O processo de colonização com a chegada dos portugueses ao Brasil, imposto aos povos indígenas, que já aqui viviam, trouxe formas de agricultura e pecuária não apropriadas ao clima das regiões do país, inclusive o Semiárido. Nesse sentido, a atuação do Irpaa pela defesa da convivência nasce motivada por uma realidade que começou a ser construída há séculos atrás, e que ainda hoje precisa ser desconstruída. “Nós queremos mostrar que com o clima como está é possível viver […] A grande diferença nessa proposta é entender como está o clima, como está nossa historia aqui, e a partir desse conhecimento criar uma nova proposta de viver, produzir nesse clima que temos aqui”, disse Haroldo.
Durante a live, tiveram depoimentos em vídeo de Mirtes Cordeiro, Dom André de Witte e Marilene Bispo, parceiras/os na caminhada da instituição, que reavivam o sentimento de gratidão pela longa caminhada de luta pela defesa da convivência. “O Irpaa faz esse trabalho educativo na região toda, de formação de professores, agricultores, agricultoras, mulheres, jovens, para que cada vez mais tenham conhecimento sobre o solo, sobre o clima, sobre a água. Sobre o tipo de cultura que deve ser feita na região. Sobre as metodologias de como trabalhar o aproveitamento da chuva. Aproveitar também as riquezas naturais, que são muitas na região”, destacou Mirtes na sua fala.
Qual sociedade que queremos? E o que é o “bem viver”? Tais perguntas guiaram a conversa durante a segunda parte da live de abertura dos 30 anos. Para Luís Mota, as pessoas que vivem aqui no Semiárido podem ser protagonistas na construção da sociedade do bem viver, na qual os direitos dos povos e das comunidades sejam respeitados e a luta por um Semiárido mais justo seja constante.
“O que pode dar continuidade a esse espírito de compreensão do potencial existente, da capacidade de fazer adequação com o clima, levando uma vida digna, decente, com espírito de bem viver, [é] a juventude, os filhos e filhas de agricultores levarem, abraçarem essa causa e continuarem investindo nessa transformação e nessas técnicas de descoberta do potencial e adequação ao clima e realidade de cada região. A continuidade do sonho de uma vida digna no Semiárido”, pontuou.
Este ano, a celebração dos 30 anos tem como tema principal: “Irpaa 30 anos: Construindo a Convivência com o Semiárido”. As atividades celebrativas seguem até o dia 27 de novembro, através do canal TV Irpaa, no Youtube. Confira a programação completa do evento aqui.
Texto/Foto: Comunicação Irpaa