Campanha nas redes sociais pauta a defesa da vida do Velho Chico

O Rio São Francisco, popularmente conhecido como Velho Chico, se destaca na história do Brasil por toda sua importância geográfica, opulência e beleza. Atravessando cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagas e Sergipe) e 521 municípios, o Velho Chico possui grande relevância social, econômica, ambiental e cultural. Durante o processo de colonização, teve a criação de gado às suas margens e a busca de minérios (ouro e diamantes) em seu leito.

Atualmente, o Velho Chico passa por um período de cheia, fruto das chuvas nas bacias hidrográficas de seus afluentes. A situação parece ser bastante diferente daquilo que foi visto nos anos de seca severa e baixa do volume de água no Velho Chico. A cheia do rio parece esconder a séria crise enfrentada, não causada pela falta de água, mas pela má gestão. João Gnadlinger, que representa o Irpaa no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, alerta que “nos próximos anos vai voltar a escassez. Colocamos a culpa sempre na seca”, destaca João. Ele aponta o uso ilimitado da água do rio e das águas subterrâneas pela irrigação. “A água subterrânea alimenta até metade das águas do rio São Francisco durante a seca, e se acaba com água, fará falta”.

Os problemas enfrentados pelo Velho Chico são diversos: uso inadequado da água; poluição; ausência de planos de saneamento básico; desmatamento das matas ciliares; assoreamento; dentre outros. Pensando nisso o integrante do CBHSF explica que é preciso pensar na revitalização e na preservação das riquezas em toda Bacia do Rio São Francisco. “É necessário uma agricultura mais saudável, menos agrotóxico, menos monocultura, uma agricultura agroecológica, controlar o desmatamento das mineradoras, o desmatamento dos projetos energéticos, por exemplo da energia eólica e também defender a caatinga em pé”. Diante disso, o CBHSF configura-se como um espaço institucional apropriado para estabelecer regras de conduta locais, gerenciar os conflitos e os interesses locais.

De acordo com Julianeli Tolentino, professor da Univasf e coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco “o comitê preza por realizar intervenções pontuais, para que sirvam de exemplo para o governo federal, para os governos estaduais, e para os municípios, que em especial estão às margens do rio e dos seus afluentes. São projetos de recuperação ambiental, projetos hidroambientais, planos municipais de saneamento básico, tudo visando as melhorias de condições do Velho Chico”, detalha.

Em 2014, como estratégia de sensibilização da população pela preservação do rio, o Comitê lançou a Campanha “Vire Carranca”, e desde então celebra todo dia 3 de junho, o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. A campanha é inspirada pela figura folclórica da Carranca, que segundo as lendas acompanhava os navegantes e protegiam-lhes nas suas viagens. E com o passar dos anos a campanha vem ganhando adesão de diversos setores da sociedade.

Neste ano, por conta da pandemia de Covid-19, a campanha será realizada toda virtualmente, como destacou Julianeli: “o comitê decidiu realizar a campanha totalmente pela internet, via digital e assim preservar o São Francisco e paralelamente contribuir para o cuidado da vida e da saúde das pessoas, pois se temos pessoas saudáveis, ativas, vivas, teremos a possibilidade de ter um rio São Francisco cada vez mais saudável, vivo e ativo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida de cada um dos cidadãos que habitam a região”.

Para o CBHSF, existem três palavras que podem definir a campanha deste ano: resiliência, reinvenção e reconversão. Estas palavras são o convite do Comitê à reflexão e ação necessária para reinventar-se e redescobrir-se nas crenças e valores que realmente importam diante dos problemas enfrentados pelo rio e toda a sociedade.

A campanha está sendo feita nas nossas redes sociais. Você também pode conhecer mais sobre o assunto no site oficial: https://virecarranca.com.br/

Texto: Comunicação Irpaa / Imagem: Divulgação