Seu Valdemar Dias Barbosa, o conhecido Valdemar da Ilha Redonda, não hesita em repetir o gosto que tem pela natureza e pela história. Em visita à sua propriedade, a equipe de educomunicação do projeto de ATER conheceu a roça que serve como principal meio de sobrevivência da família. Ao lado de culturas orgânicas, caprinos e ovinos convivem num ambiente que respeita a natureza com base na cobertura vegetal do solo: “nunca utilizei enxada, não limpo a terra, a mandioca cresce sozinha… a maioria dos alimentos que vão para mesa de minha família são produzidos aqui mesmo na roça… é preciso respeitar a natureza, pois todos os seres estão aqui por algum motivo”, opiniões que demonstram a sapiência do senhor. Além da mandioca, também são encontradas na propriedade plantação de banana, cana de açúcar e capim (para servir de alimento aos animais), leucena, nim , alfavaca e graviola. Estas últimas são apresentadas com detalhes, já que seu Valdemar explica tim tim por tim tim o uso delas na saúde humana com base na medicina natural.
Em suas palavras, o senhor de pele negra e cabelos grisalhos destaca a participação da nova geração como essencial para dar continuidade à chamada REVOLUÇÃO: “que deve acontecer da base, como um alicerce”. Apontando para o rio, logo na beira da propriedade, ele apresenta a estrutura que futuramente servirá como criatório de peixes, refeição servida durante o almoço que Dª Maria, sua esposa, fez questão de preparar. Ao sair da roça, ele agradece à mãe natureza e nos mostra mais um pouco do seu passado, um museu improvisado ao lado da casa onde guarda desde papeis a ferramentas e a pele do carneiro Coronel, bicho que já foi estimação da família, mas foi abatido pela pouca saúde.
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Seu Valdemar apresentando a roça para a equipe do ATER; ao seu lado, o AMR Dodó troca informações com base no saber popular
O senhor destaca, também, a oportunidade que teve de participar da Escola de Formação de Lavradores do IRPAA, bem como de viagens para o exterior, como Nicarágua e Costa Rica, através da Diocese, a fim de conhecer experiências de Convivência com o Semiárido, trazendo para sua roça a vivência do que aprendeu na teoria. Seu Valdemar faz questão de compartilhar todo o aprendizado com os mais jovens e com toda a comunidade. Líder nato, já reuniu mais de trezentos jovens em sua propriedade durante um encontro anual com o tema agroecologia, trazendo pessoas de diferentes localidades para sentir de perto a essência da natureza. Dormindo debaixo dos pés de árvores, o grupo passava três dias na propriedade discutindo propostas sustentáveis para melhoria da qualidade de vida das próprias comunidades, o que acontecia ao lado da Casa de Farinha Comunitária numa arquibancada improvisada.

Equipe de educomunicação aprendendo com a experiência de seu Valdemar
Com sua proposta diferenciada, o ATER já tem colhido bons frutos na sua caminhada, servindo como instrumento de reflexão e transformação social. Histórias como essa fortalecem a importância do saber popular através da troca de experiências. Técnicos, agentes multiplicadores rurais e agricultores (as) familiares formando um elo de conhecimento a ser multiplicado pelas comunidades rurais da região.




