Jovens que participam de processos formativos de educomunicação apresentaram suas experiências durante um seminário, realizado dia 11 de junho, no auditório do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar – Setaf, em Juazeiro. O evento foi realizado para fomentar a atuação de uma rede de educomunicação que deve envolver os 27 territórios de identidade da Bahia e começa a ganhar corpo no Território Sertão do São Francisco – TSSF.
A jovem Lairlane Oliveira, da comunidade Bom Sucesso, em Sobradinho, integra a rede “Jovens da Caatinga”, um coletivo de comunicadoras/es vindas/os do interior dos dez municípios do Sertão do São Francisco e de Campo Formoso, no Piemonte Norte do Itapicuru. Durante o seminário Lairlane falou sobre o processo formativo da rede Jovens da Caatinga, destacando o trabalho realizado nas comunidades e apresentando produções que evidenciam principalmente as riquezas da região. Segundo Lairlane, é preciso que as próprias pessoas que vivem aqui divulguem “coisas que tenham a ver com a realidade da região”, contrapondo a imagem de um Semiárido inviável, geralmente disseminada pela grande mídia. “Nosso território é rico, é diverso e tem muitas potencialidades”, exalta a jovem.
Um dos trabalhos que inspirou a criação da rede Jovens da Caatinga foi o coletivo Carrapicho Virtual, que, formado por jovens de comunidades rurais da região do Salitre, em Juazeiro, desenvolve ações de comunicação para o fortalecimento das comunidades salitreiras. Foi sobre essa experiência que o jovem Noesio Santos falou durante o seminário.
Noesio, que mora na comunidade de Alfavaca, conta que o Carrapicho Virtual está se tornando uma referência, levando sua história e contribuindo para a formação em diversos níveis, inclusive na universidade. “Somos convidados para participar de seminários, mesas e até mesmo dar oficinas”, revela Noesio. Para o jovem um dos pontos mais importantes do seminário foi compartilhar experiências com outros grupos de jovens.
O representante do Carrapicho Virtual disse ter gostado da troca de informações com o grupo Jovens da Caatinga e também com a Trupe Novo Ato – Contadores de Histórias, que levou para o seminário elementos de sua história e demonstrações de como fazem as contações. Na opinião do diretor do grupo, William Soares, “todo mundo é capaz de contar sua própria história”. Ele revela que um dos principais objetivos da Trupe Novo Ato é incentivar a leitura a partir da vivência local, reforçando a cultura da região através da contação que envolve música, dança e teatro. Segundo o jovem diretor, um dos trunfos do grupo é ir além de contar os clássicos mundiais, apresentando para o público “histórias do Semiárido, da nossa cultura e principalmente falar sobre o rio São Francisco”, relata William.
O conhecimento prático em educomunicação apresentado pelos três coletivos de jovens deve servir de inspiração para que o TSSF possa construir a atuação em rede, fortalecendo ou estimulando a criação de experiências de educomunicação nos dez municípios que compõem o TSSF.
Após apreciar as apresentações, o público do seminário elencou propostas para que a Rede Educom do TSSF seja ampliada. Uma das propostas mais citadas foi a formação em educomunicação para diversos atores sociais nos municípios.
Texto e fotos: Comunicação do Irpaa