Entre os dias 28 e 30 de novembro, Juazeiro (BA) sediou o XV Seminário Intermunicipal de Educação Contextualizado para a Convivência com o Semiárido. O encontro reuniu educadoras/es, estudantes/as, gestores/as escolares, entre outros atores e atrizes da sociedade civil de municípios da Bahia, Alagoas, Ceará e Piauí, com a finalidade de dar continuidade ao debate da educação contextualizada e gestão da água da escola no Semiárido brasileiro realizado nas edições anteriores do seminário.
Organizado anualmente pelo Irpaa, nesta edição do seminário as/os participantes puderam fazer uma análise da conjuntura atual do Brasil, refletindo os impactos desse cenário na efetivação da educação contextualizada e pública. Aristóteles Cardona, conhecido como Ari, contribuiu com o debate e segundo ele, “há quem diga que a PEC 55 é o pior ataque às políticas sociais no Brasil, isso é verdade”. A PEC55 pretende limitar o gasto público em educação e saúde pelos próximos 20 anos.
Política Pública de Educação Contextualizada nos municípios do Semiárido
Durante o seminário foi compartilhada a experiência do município de Valente, na Bahia, que esse ano conseguiu aprovar a lei de Educação do Campo do município de Valente – BA. A experiência foi apresentada pelo professor Perivaldo da Silva Cunha, explicando que o debate em torno da construção da Lei começou em 2011, com contribuição do Movimento de Organização Comunitária (MOC), Universidade Estadual de Feira de Santana e secretarias municipais. Para Perivaldo, o próximo desafio é garantir a implementação da Lei nas escolas do município.
A Implementação da Política de Educação Contextualizada pelas escolas urbanas e rurais de Ipaporanga, no Ceará, também foi apresentada no seminário. Lucineide Martins, representante da Cáritas de Crateús (CE), entidade que vem junto com a comunidade de Ipaporanga implementando a política, diz que o passo inicial para assegurar a efetivação da Lei é dialogar, sensibilizar e buscar o envolvimento da gestão municipal nesse processo, para depois construir a proposta de Lei da educação contextualizada do município.
Esse ano, Ipaporanga conquistou a universalização da educação contextualizada no município, onde educadores/as do campo e da cidade participam de formação. “Ainda existe um equívoco de achar que falar de educação contextualizada só remete ao campo, mas educação contextualizada é referencial para campo e cidade e nesse sentido no município de Ipaporanga se tornou universalizada”, pontua Lucineide.
Para fortalecer a discussão do acesso e gestão da água da escola, os/as participantes puderam conhecer e contribuir na elaboração de um material paradidático, fruto do projeto Água da Escola iniciado pelo Irpaa em 2015, em escolas do Semiárido Brasileiro. O projeto aborda o uso e gestão da água da chuva nas escolas e a temática da água como tema gerador de estudos nas diversas áreas de conhecimento. Para Lucineide, a cisterna é um instrumento pedagógico, que ajuda a levar o debate da contextualização e a discussão do acesso à água.
Na avaliação de Perivaldo da Silva Cunha, toda a discussão do seminário vai contribuir “no nosso dia a dia em sala. Além disso, conhecer outras experiências fortalece nossas lutas na caminhada de trabalhar a educação contextualizada em sala de aula”, afirma.
Estas experiências se juntam a tantas outras no Semiárido brasileiro, como a de Formação de professores/as pela Universidade Federal do Piauí e Resab (Rede de Educação do Semiárido brasileiro), que também foi apresentada no seminário, têm contribuindo na efetivação da educação contextualizada no Semiárido e sua importância para a emancipação e empoderamento do povo sertanejo.
Texto e foto: Comunicação Irpaa