Com intuito de debater a caprinovinocultura e propor ações que melhore a atividade de criação de cabras e ovelhas, foi realizado em Remanso a Décima Audiência Pública de caprinovinocultura, que aconteceu na Câmara de Vereadores do município. O evento ocorreu nessa última quarta-feira (09), reuniu aproximadamente 80 pessoas, entre agricultoras/es representantes das organizações da sociedade civil e do poder público.
Durante a audiência, Clérison Belém, colaborador do Irpaa, pontou que grande parte do rebanho de caprinos e ovinos encontra-se no Nordeste, e destacou o Território Sertão São Francisco nesse cenário. Além de abordar a importância da caprinovinocultura na preservação da Caatinga e na garantia da segurança alimentar das famílias sertanejas.
Os/as participantes pontuaram os principais problemas enfrentados pelos criadores e criadoras de cabras e ovelhas, a exemplo do acesso à terra tamanho apropriado, ameaças de grandes projetos às comunidades tradicionais de Fundo de Pasto, falta de assessoria técnica para os criadores e criadoras, pouca cultura de produzir plantas forrageiras, acesso a tecnologias apropriadas de armazenamento e captação de água da chuva, entre outras dificuldades.
Em contraponto a essas dificuldades, os agricultores e agricultoras levantaram as seguintes propostas para avançar na prática da caprinovinocultura: Construção de mini abatedouros nos Distritos e comunidades, fortalecer a organização comunitária, universalização da Assessoria Técnica Extensão Rural – Ater, implementação de viveiro de mudas nativas da Caatinga, universalização da água de produção entre outras propostas.
Esse diagnóstico, com as dificuldades e proposta, vai se somar aos realizados nas demais audiências que aconteceu nos municípios do Território Sertão São Francisco, e gerar um documento para ser apresentado ao poder legislativo de cada município, além de contribuir na atualização dos Planos de Desenvolvimento Territorial. A partir dessa sistematização, “a gente vai propor um evento territorial, onde serão convidadas entidades de pesquisa, governo de estado, governo federal, organizações que trabalham com políticas públicas no Território. Então, essas propostas podem qualificar as ações que já ocorrem no Território, mas também podem induzir a novas políticas públicas”, pontua Clérison.
O técnico de agropecuário Marcos Sales, colaborador do Sasop, pontuou a necessidade de considerar as demandas expostas pelos agricultores e agricultoras no momento de pensar e executar as politicas públicas. De acordo com Marcos, “infelizmente as políticas públicas para essa área de caprinovinocultura é quase inexistente, é uma ou outra, então a gente precisa ter essa demanda… e muitas dessas questões no trabalho de campo a gente não tem como atender, porque muitas são políticas públicas, como acesso água”, diz técnico.
Para o agricultor, João Cicero Justiniano de Souza, presidente da Associação Fundo de Pasto dos Pequenos Produtores do Sítio Barra, em Remanso, é muito importante as agricultoras e agricultores participarem desses espaços e afirma que, “aqui é uma oportunidade que os produtores estão tendo para dizer o que é que tem que ser trabalhado, não é aquela coisa que é feita lá dentro do escritório e é jogado de lá pra cá de paraquedas”, afirma. Além de enfatizar a importância da caprinovinocultura para a sobrevivência das comunidades de Fundo de Pasto, “é uma cultura tradicional, que as pessoas ‘arrumam’ suas rendas, seu alimento e um alimento de qualidade,… além de preservar a Caatinga”, finaliza o agricultor.
A audiência pública foi realizada pelas entidades da sociedade civil, a exemplo do Irpaa, Sasop, Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Remanso em parceria com Colegiado do Território Sertão do São Francisco.
Texto e foto: Comunicação Irpaa