Agricultores e agricultoras do município de Uauá, que fazem parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) BNDES, participaram de um dia de campo diferente, animado e rico em troca de experiências durante o Intercâmbio Intermunicipal, que aconteceu nos dias 23 e 24, no interior de Canudos e Chorrochó.
A primeira experiência conhecida foi a de Dona Lúcia Maria de Jesus, na comunidade de Raso, em Canudos. A agricultora apresentou seu quintal produtivo, falou do cuidado com o chiqueiro, galinheiro e o quando as tecnologias sociais e a assessoria técnica vêm contribuindo para a melhoria de vida de sua família. Além disso, ressaltou a necessidade de gerenciar o uso da água, para garantir o líquido no período de estiagem. “Minha cisterna nunca recebeu água do carro pipa, é só economizar” relata D. Lúcia, que possuiu a cisterna de produção há cinco anos.
As/os visitantes também puderam conhecer um pouco mais da história de Antônio Conselheiro, visitando o Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC), sendo uma oportunidade de apreciar a partir de novo olhar, esse capítulo da história popular do Brasil, que não é contada nos livros e no ambiente escolar.
No segundo dia de Intercâmbio, as experiências de mais duas mulheres guerreiras do Semiárido foram visitadas, agora no município de Chorrochó. A agricultora D. Isabel Alves dos Santos, 83 anos, que todos os dias acorda cinco horas da manhã, para cuidar da sua horta e os animais. “Eu sempre trabalhei, o melhor da vida é a pessoa trabalhar”, diz D. Isabel, que dedicou sua vida ao trabalho no campo, para garantir o sustento de sua família.
Outra experiência exitosa visitada foi o do cultivo de mandacaru a partir das sementes, prática realizada por D. Iraci Orcelina dos Santos. Para diminuir a distância de buscar os alimentos dos animais no período de estiagem, D. Iraci resolveu cultivar um viveiro da planta no quintal de casa. Com essa experiência, a agricultora pode comprovar que mandacaru nascido da semente se desenvolve mais rápido e um único fruto germina centenas de pés de mandacaru.
Conhecer essas experiências e poder vê a dedicação dessas mulheres com o cuidado com a natureza foi um momento muito enriquecedor para a agricultora Maria José, da comunidade de Fidelis, interior de Uauá. Para ela, esse momento de Intercâmbio é: “muito melhor do que participar das reuniões que acontecem nas fazendas como a gente participa …quando a gente vai no campo a gente aprende mais, vê o trabalho que tem e melhor para aprendizagem nossa” , pontua Maria José.
Outro elemento que chamou a atenção do visitante José Carlos Coelho, foi que todas as experiências conhecidas são apresentadas e gerenciadas por mulheres. “Nessas três comunidades que nós passamos, quem tá na frente do projeto é a mulher, nem é o agricultor, é a mulher que tá como agricultora … mostrando que elas são mais que os homens para a sociedade”, relata José, que também ficou impressionado e admirado pela força de D. Isabel em relação a sua idade, 83 anos.
As experiências apresentadas demonstra o quanto é importante o papel da mulher para o fortalecimento da agricultura familiar e necessário que elas tenham seus trabalhos valorizados para que mais mulheres se tornem autônomas e protagonistas de suas histórias.
Texto e Foto: Comunicação Irpaa