Caderneta Agroecológica é tema de atividades formativas com famílias agricultoras do Território Sertão do São Francisco

Refletir os espaços sociais ocupados pelas mulheres na sociedade e suas conquistas também são temas centrais das formações realizadas pelo projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural (ATER) Bioma Caatinga, junto às famílias assessoradas no Território Sertão São Francisco (TSSF).

Essa temática é evidenciada a partir da formação e utilização da caderneta agroecológica, que integra as ações desenvolvidas com as agricultoras assessoradas. Através dessa ferramenta, fica evidente a contribuição e a importância do protagonismo das mulheres do campo na renda familiar. Nesse sentido, as atividades realizadas junto às mulheres foi “essencial para o fortalecimento da autonomia, visibilidade e valorização das mulheres rurais”, destaca Dannielle Martins, uma das coordenadoras do projeto ATER Bioma no Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa).

A caderneta tem sido responsável por mudar a vida de muitas mulheres no campo, principalmente a forma como as próprias mulheres, as famílias e comunidades enxergam o trabalho e demais contribuições delas para a sociedade. 

Se reconhecer enquanto protagonistas da própria história é fundamental para a autonomia e empoderamento dessas mulheres. Inclusive, falar sobre protagonismo feminino no campo ainda é um assunto desconhecido pela maioria delas, esse aspecto ficou evidente nas formações e foi um dos destaques apontados pela agricultora Maria das Dores Almeida, da comunidade Rancho Velho, Distrito de Pinhões, em Juazeiro-BA:

“Que venham mais vezes, que falem mais vezes, principalmente no interior, onde têm muitas mulheres que ainda são caladas, que ainda são de cabeça baixa”.

Em atividades coletivas como essas, relacionadas ao empoderamento feminino, é possível dimensionar o quanto a ATER vai além de um acompanhamento técnico de produção ou criação. “As oficinas têm um papel fundamental, pois constituem um espaço de diálogo e troca de experiências, onde as agricultoras puderam compartilhar aspectos de sua realidade familiar, refletindo sobre a divisão justa do trabalho e as formas de alcançar a equidade de gênero no campo”, enfatiza Dannielle.

Outro marco dessas ações foi a diversidade de experiências entre as mulheres presentes nas formações; os momentos de partilhas sobre suas trajetórias, com os reconhecimentos das conquistas femininas e também de desabafo sobre dores e desafios enfrentados. A agricultora Silvina Gonçalves, da comunidade Pintadinho, de Curaçá, ressalta que participar desse momento de formação contribuiu para ela “conhecer um pouco da minha história e perceber como nós mulheres avançamos com o passar do tempo e reconhecer o tanto que já conquistamos”. 

Entre os resultados, além de se apropriarem da utilização, as agricultoras ficaram animadas a seguirem no compromisso de registrar as atividades nas cadernetas, de replicar os conhecimentos para outras pessoas e, principalmente, inspirar a partir da prática. “Você vai ver o gasto que você teve, o lucro que você teve, trazendo renda, não só para o pessoal, mas também para a comunidade; porque se uma pessoa iniciar, umas vão se espelhando nas outras”, destaca a  agricultora Edinâide Paixão, da comunidade Sítio, de Sento Sé.

Agora as agricultoras ficam no aguardo do recebimento das cadernetas. O material será distribuído pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).

Essas atividades formativas integram o cronograma de atividades do Projeto e aconteceram nas comunidades das famílias assessoradas pelo Irpaa nos municípios de Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Sento Sé e Sobradinho. 

O projeto ATER Bioma Caatinga é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Bahiater. 

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa | Fotos: Eixo Produção Apropriada

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