Celebrando a diversidade que a agroecologia pode produzir e reunindo saberes, sabores, beleza e o compromisso com uma sociedade baseada em direitos garantidos, segurança alimentar e nutricional e justiça social, a Feira de Saberes e Sabores da Economia Solidária e da Agroecologia, realizada durante o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia, foi mais uma bonita demonstração das potencialidades dos territórios brasileiros.
Organizada por coletivos, associações e cooperativas de diversas regiões e povos, a feira transformou o Campus Juazeiro da Univasf, ao longo de quatro dias, em um grande mosaico produtivo que valoriza os conhecimentos enraizados nos territórios. Agricultores familiares, artesãos, artistas e empreendedores populares de várias partes do país se reuniram, exibindo a diversidade e a força da economia criativa e solidária.
O espaço, um dos mais movimentados do congresso, consolidou-se como ponto de encontro da economia criativa e solidária, com bancas que apresentavam produtos orgânicos, alimentos agroecológicos, ervas medicinais, artesanatos, cosméticos naturais e bebidas típicas regionais. Esses atrativos refletem não apenas a riqueza da agroecologia, mas também o compromisso com a sustentabilidade e a valorização cultural.
Para os expositores, a feira é uma oportunidade única de compartilhar a produção de seus territórios, fortalecer redes e dar visibilidade ao trabalho que sustenta famílias e comunidades.
Um exemplo é Adriano de Paula, integrante do movimento de artesãos de Juazeiro e Petrolina, que transforma resíduos sólidos, como pneus, em brinquedos e mobiliários sustentáveis, unindo criatividade e responsabilidade ambiental.
“Eu trabalho fazendo a transformação de resíduos sólidos em produtos de arte. Crio pula-pulas, brinquedos e parquinhos sustentáveis com essa pegada de reutilização. O pneu, quando bem trabalhado, ganha cor, drenagem e segurança, além de tornar os espaços mais lúdicos para as crianças”, explica Adriano.
Outro destaque foi o Projeto Jandaíras, iniciativa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que fortalece grupos de mulheres agricultoras em comunidades rurais do Nordeste, especialmente no Piauí e em Pernambuco. O projeto oferece suporte técnico para a criação de produtos como óleos, mel, geleias e artesanatos, além de promover a valorização cultural e o combate ao êxodo rural.
“O Jandaíras fortalece mulheres agricultoras, pescadoras e marisqueiras, ajudando na criação de embalagens, rótulos e selos que facilitam a venda dos produtos para políticas públicas como o PAA e o PNAE. Mostramos que o pequeno produtor também consegue oferecer produtos de qualidade, com identidade e valor cultural”, explica uma das integrantes do projeto, estudante da UFRPE e membro de comunidade quilombola do Piauí.
Com dois anos de atuação e novas fases previstas, o Jandaíras já alcançou diversas comunidades, estimulando a autonomia das mulheres e o reconhecimento de seus territórios e saberes.
Integrada à programação do 13º CBA, a Feira de Sabores e Saberes reforça o compromisso da agroecologia com a sustentabilidade, a economia solidária e a valorização das experiências locais que transformam o campo e as cidades. Mais do que um espaço de vendas, é um lugar de encontro, partilha e fortalecimento coletivo, onde os sabores da terra contam histórias de resistência e afeto.
O Congresso foi organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Universidade do Estado da Bahia (Uneb de Juazeiro), Movimento dos Pequenos e Pequenas Agricultoras (MPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE). Contou também com a contribuição de representantes de diversas organizações, redes e articulações da sociedade civil, instituições de ensino, movimentos sociais populares, poder público e comunidades tradicionais.
Texto: Cibelle Vieira – Estagiária UNEB
Fotos: Karen Lima
_
Texto: Cibelle Vieira – Estagiária UNEB
Edição: Danilo Souza
Fotos: Karen Lima