Ato Público em Juazeiro-BA marca o Dia Mundial da Alimentação e reforça luta pela soberania alimentar no 13º CBA

Em um momento simbólico de defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável, o evento reforçou os princípios agroecológicos como via essencial para a soberania e a justiça alimentar no Brasil. Realizado durante o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), na tarde desta quinta-feira (16), o Ato Público reuniu movimentos sociais, lideranças de povos tradicionais, instituições de ensino e representantes do poder público municipal, estadual e federal para celebrar o Dia Mundial da Alimentação, em Juazeiro-BA.

Celebrado mundialmente em 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação é promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e, em 2025, tem como tema “De mãos dadas por uma alimentação melhor e um futuro melhor”. No Brasil, a iniciativa conta com o apoio do Programa Mundial de Alimentos (WFP), do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).

Durante o ato, apresentações culturais como a Marujada de Curaçá, o Samba de Coco Barra de Saia e o Toré dos Povos Indígenas expressaram a diversidade e a força dos territórios do Semiárido. O momento também marcou a entrega de uma carta pública assinada por movimentos sociais, criticando práticas formativas distantes da realidade camponesa e reafirmando que não há soberania alimentar sem agricultura familiar e sem agroecologia.

A celebração também foi espaço de reflexão e afirmação política. “As comunidades já praticam a agroecologia há gerações. Participar desse evento é reafirmar que esse é o caminho para o bem viver”, destacou Jazeel de São Silva, agricultor da região de Morfino (BA).

Entre as vozes femininas, o chamado à soberania alimentar foi lembrado como bandeira de luta e autonomia. “O CBA é um grande momento de encontro, de troca de experiências e de sementes. A gente trabalha a comida saudável como uma pauta central da vida camponesa”, afirmou Ana Maria dos Santos Guimarães, do Movimento Camponês Popular (MCP).

Do rio que corta o território às margens do qual o Congresso acontece, vieram também alertas sobre a urgência de defender o meio ambiente. “Estar aqui é defender o Rio São Francisco e os peixes, porque eles sustentam nossas vidas e tradições”, declarou Verônica Nelsin Morais Machado, do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP).

As falas também ecoaram das comunidades atingidas por barragens, fundos e fechos de pasto, quilombolas e caatingueiros, reafirmando a agroecologia como prática ancestral e ferramenta de resistência. “Para quem vem de territórios atingidos, é uma oportunidade de aprender e ocupar espaços. A gente se sente representada”, disse Edilene Souza, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

O Ato também contou com a presença de autoridades locais e nacionais, entre elas representantes da Univasf, da Uneb e do Consea, além de gestoras públicas, deputadas, ministros e lideranças de movimentos como o MST, o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) e representantes de fundos e fechos de pasto, quilombolas e caatingueiros.

Encerrando o ato, Roselita Vittor, do Polo da Borborema (PB), destacou que “a luta por comida de verdade é também uma luta por democracia e dignidade”.

Realizado na Orla II da cidade, o Ato Público simboliza o compromisso coletivo de construir um futuro em que a alimentação seja um direito, não um privilégio. O 13º CBA reafirma que a agroecologia é o caminho para garantir comida saudável, soberania alimentar e justiça climática para o povo brasileiro.

Confira alguns registros

_
Texto: Cibelle Vieira e Meiwa Magalhães | Estagiárias-UNEB
Edição: Danilo Souza
Fotos: Vagner Gonçalves, Karen Lima e Danilo Souza

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *