Abertura do 13º CBA é marcada por debates sobre agroecologia, justiça climática e convivência com os territórios

Ao som do grupo percussivo Baque Opará, a cidade de Juazeiro (BA) deu início, nesta terça-feira (15), à mesa de abertura do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). Entre os dias 15 e 18 de outubro, às margens do Rio São Francisco, o evento reúne reflexões sobre agroecologia, justiça climática e convivência com os territórios brasileiros, com ênfase especial no Semiárido e na Caatinga.

A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), campus Juazeiro, é o principal palco das atividades, mas a programação se estende a diversos espaços da cidade, envolvendo a comunidade local em torno da temática agroecológica.

A mesa institucional de abertura teve início com a leitura da Carta de Acolhida – “Rio São Francisco Vivo: Terra, Água e Povo”, e contou com a presença de representantes de instituições parceiras e movimentos sociais, como Cícero Félix (ASA), Raquel Zanon (BNDES), Gilmar Andrade (UNEB), Nívea Rocha (IRPAA), Andrei Gonçalves (prefeito de Juazeiro), Clênio Nailton (Embrapa) e Tiago Pereira (Bahia Sem Fome).

O reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, ressaltou a importância da parceria entre a universidade e o congresso:

“Depois de beber a água do São Francisco, não vai mais embora”, afirmou, reforçando o vínculo simbólico e afetivo entre o rio e a região.

Entre os temas centrais do encontro, a justiça social e climática ganhou destaque como eixo fundamental para o fortalecimento dos territórios e da agroecologia. Para Cícero Félix, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), é urgente discutir as contradições que marcam a realidade regional:

“A região de Juazeiro abriga o maior lago artificial do país, o de Sobradinho, e ainda assim muitas pessoas não têm acesso à água. Assim como na produção de alimentos, é necessário enfrentar essas contradições.”

Sediado pela primeira vez no Semiárido, o congresso busca promover reflexões sobre a diversidade dos territórios brasileiros e as respostas da agroecologia diante da crise climática e dos desafios sociais. Os debates destacam a importância de conectar os contextos urbanos e rurais, valorizando o conhecimento popular e a resistência das comunidades.

A Conferência de abertura reuniu José Augusto Pádua (PPGHIS/UFRJ), Naidison de Quintela Baptista (MOC/ASA Bahia), Elisa Pankararu (ANMIGA/APOINME) e a moderadora Natália Almeida (ABA-Agroecologia). Em suas falas, os participantes reforçaram o papel da organização popular e da agroecologia como instrumentos de transformação social, luta por políticas públicas e valorização da diversidade brasileira.

“A convivência é um caminho em construção, assim como a agroecologia. Este congresso deve ser mais do que um evento: deve ser um marco coletivo de justiça climática, agroecologia e esperança. Nós, do Semiárido, trazemos nossas conquistas e nossas feridas, e convidamos cada território e cada bioma a unir sua voz, seu saber e sua luta”, destacou Naidison Baptista, da coordenação executiva da ASA.

O Congresso está sendo organizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Universidade do Estado da Bahia (Uneb de Juazeiro), Movimento dos Pequenos e Pequenas Agricultoras (MPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE). Conta também com a contribuição de representantes de diversas organizações, redes e articulações da sociedade civil, instituições de ensino, movimentos sociais populares, poder público e comunidades tradicionais.

Confira a programação completa do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia.

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Texto: Ana Clara de Lima | Estagiária-UNEB
Fotos: Vagner Gonçalves – Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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