Troca de saberes, visita às áreas de experimentação, participação em seminários e oficinas. Foi assim, o intercâmbio realizado no Semiárido Show, que reuniu cerca de 200 agricultores e agricultoras dos municípios de Campo Alegre de Lourdes, Remanso, Pilão Arcado, Curaçá, Canudos, Casa Nova, Sento Sé, Juazeiro e Sobradinho, assessorados/as pelos projetos de Assessoria Técnica e Extensão Rural Bioma Caatinga e Bahia Sem Fome. O intercâmbio teve como objetivo promover a troca de conhecimentos, acesso a informações sobre tecnologias, ambientais, climáticas e produtivas.
No espaço, os visitantes puderam conhecer áreas de experimentação com tecnologias sociais adaptadas à Convivência com o Semiárido, como o barreiro trincheira, a área de Recaatingamento, sistemas de saneamento rural, dentre outras. Nesse sentido, Alessandro Santana, um dos coordenadores do ATER Bioma Caatinga, destaca: “A vinda dessas famílias, de comunidades e municípios diferentes, reforça a importância dos agricultores familiares se conhecerem, se fortalecerem, para que possam aplicar os conhecimentos adquiridos nas suas propriedades, levando em conta as condições locais e as práticas para que elas sejam adaptadas ao contexto específico dos territórios do Semiárido”.
André Luiz, coordenador do ATER Bahia Sem Fome reforça: “além de conhecer tecnologias que são produzidas há pouco tempo, desenvolvidas pelo órgão como a Embrapa, como o Irpaa, também tem as chances de ver um pouco do trabalho de agroecologia que tem dentro dessa feira, ter acesso a esse conhecimento e levar de volta para as comunidades, as histórias, a vivência, pois elas também participam das mesas, das discussões”.
Nessa perspectiva, Dannielle Martins, “O encontro proporcionou não apenas momentos de aprendizado, mas também de interação, onde diferentes vivências foram compartilhadas, inspirando os participantes a levar novos conhecimentos e experiências para suas comunidades de acordo com a sua realidade”.
Durante a programação do intercâmbio, os participantes ainda puderam integrar oficinas temáticas que abordaram assuntos como gestão da água, saneamento rural com reúso, direitos dos territórios tradicionais, criação de cabras e ovelhas no Semiárido, educação contextualizada, dentre outras.

O espaço se consolidou como um ambiente potente de troca de saberes e experiências, reafirmando a importância de intercâmbios, com essa diversidade de experiências, como uma ferramenta de conexão, inovação e valorização da vida, no Semiárido, reforçando que a região semiárida é território de resistência, abundância de saberes, diversidade de oportunidades e não só de um presente, mas de um futuro viável e com qualidade de vida.
Em aspectos gerais, a jovem Amanda, secretaria da Associação do Sítio Bom Progresso, em Casa Nova, assessorada pelo ATER Bioma Caatinga, diz que o intercâmbio “Foi top” e destacou que o que mais lhe chamou a foi a área de Recaatingamento e a experiência em torno da apicultura.
A agricultora Silvia Tânia, da comunidade Lagoa d’água, em Remanso, assessorada pelo ATER Bahia Sem Fome, compartilha: “Foi mais uma grande experiência, muito aprendizado”. Dentre as tecnologias visitas, ela conta que o que mais lhe chamou a atenção foi saneamento rural e reúso de água. “Uma coisa que eu achei que aquilo não existia, de aproveitar a água que sai do vaso para molhar uma planta sem que aquela árvore venha lhe prejudicar”, destaca Silvia citando o reúso das águas totais da residência para o cultivo de forrageiras e algumas frutíferas.
A experiência do intercâmbio no Semiárido Show revela mais do que a divulgação de tecnologias sociais, ela expõe a urgência de fortalecer políticas públicas que garantam os direitos básicos às famílias rurais como acesso à água, saneamento rural e conservação da Caatinga.

Apesar do entusiasmo dos/das participantes, o evento também levanta questionamentos sobre o alcance real dessas iniciativas frente aos desafios estruturais do Semiárido, como acesso à água, crédito e assessoria técnica continuada – políticas públicas que pela efetividade que já demonstraram ter, reforçam ainda mais a necessidade de ampliação de invisetimentos. Na avaliação geral, de quem esteve ao longo desses quatro dias em atividades, o desejo é um só: que as experiências se consolidem como estratégias permanentes de resistência e inovação para os territórios do Semiárido.
O projeto ATER Bioma Caatinga é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater). Já o projeto ATER Bahia Sem Fome é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Bahiater e do Programa Bahia Sem Fome, vinculado à Casa Civil da Bahia.
Semiárido Show
O Semiárido Show é realizado pela Embrapa e conta com a parceria do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). Os patrocinadores do evento são: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf); Banco do Nordeste; Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene); Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Banco do Brasil; e Governo do Estado da Bahia.
Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Fotos: Vagner Gonçalves










