As palavras de ordem ecoaram durante a Conferência Setorial de Juventude Rural, etapa importante da Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (3ª CNDRSS). Movimentos de juventude de todo o país estão reunidos em Recife (PE), nesta quinta (12/06), para propor políticas públicas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Fernanda Machiavelli, secretária executiva do MDA, relembrou programas e conquistas recentes. “Voltamos a ter uma área de juventude rural no MDA com muitas conquistas. Voltamos a ter microcrédito para a juventude, passamos a ter o programa ‘Terra da Juventude’, para que jovens permaneçam no campo e desenvolvam seus projetos de vida de forma agroecológica”, disse. “Precisamos garantir que os territórios rurais tenham Bem-Viver. Nosso desafio aqui, a partir da voz de vocês, é desenhar as políticas que precisam chegar nas bases”, concluiu.
Maria Eduarda Vasconcelos, coordenadora-geral de juventude do MDA, afirmou que a conferência é um processo de retomada. “Esse é um processo de participação social ativa, aqui estamos ouvindo LGBT+, quilombolas, mulheres e tantas diversidades. Muitos jovens ainda não viveram a participação social por causa do desmonte dos últimos anos. Estamos aqui elegendo propostas que colocam a juventude rural no presente e no futuro”, disse.
Representantes do Comitê Permanente de Juventude Rural do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condaf) lembraram, em carta, que “a juventude tem protagonismo na conquista de direitos no Brasil”. Segundo o documento, a luta das(os) jovens brasileiras(os) permitiu “a criação da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), bem como do Estatuto da Juventude”.
Elisa Guaraná, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), explicou que de 2016 a 2019, com a extinção do MDA, “a juventude rural ficou em condições muito difíceis”. Segundo ela, “a política de juventude que construímos com o Estatuto da Juventude é referência no mundo porque destaca a juventude rural. Além disso, aprovamos o plano nacional de juventude e sucessão rural”. Diversas autoridades entre parlamentares e gestores de Recife e de Pernambuco também participaram.
Próximos passos
Durante o evento, 50 pessoas — sendo 40 da sociedade civil e 10 do poder público — foram eleitas como delegadas(os). Após a elaboração de mais de 40 propostas, as 30 melhores foram selecionadas e serão levadas para a etapa nacional da 3ª CNDRSS, que acontecerá em março de 2026, em Brasília.
Essa foi mais uma oportunidade para que a sociedade civil contribua com a formulação de políticas públicas baseadas na experiência de quem vive, conhece e transforma a realidade rural no dia a dia.
Integrantes da Comissão de Juventude do Irpaa, em articulação com a Rede Ater Nordeste, estiveram presentes. Uma das delegadas eleitas foi a jovem da República do Irpaa, Dilma Reis, estudante de Agropecuária e Extensão Rural (Ater) Agroecológica, Feminista e Antirracista do Semiárido baiano.
Dilma afima que o evento foi um espaço estratégico de participação política, onde a juventude pode demonstrar sua capacidade de organização e proposição:
“A Conferência foi um espaço em que nós, jovens, estamos discutindo propostas de políticas públicas para que sejam efetivadas. Nós vamos levar essas propostas para a Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. E é uma forma de mostrarmos que estamos organizados e preocupados com as questões agrárias, ambientais e sociais. Temos capacidade de elaborar políticas públicas e vamos cobrar das autoridades que elas sejam implementadas e que contemplem todos os povos e comunidades tradicionais, assim como todo o nosso país”.
Dilma também ressaltou a importância simbólica e prática de estar presente em um espaço de construção coletiva, superando os desafios enfrentados por quem vive no meio rural:
“Estou muito feliz por estar aqui, porque é muito difícil, para quem é do campo, estar nesses espaços de discussão. A distância é uma das nossas principais limitações. Então, estar aqui é uma grande conquista, uma grande realização — não só para mim, quanto jovem, mas como representante da minha comunidade, do meu segmento e do meu território”.
Além da etapa setorial de juventude, outro caminho para participação nesse processo é a Etapa Digital. Até o dia 31 de dezembro, qualquer pessoa pode fazer até 3 propostas e votar em até 10 pela internet. As autoras e autores das 20 propostas mais votadas participarão da Etapa Nacional, na capital federal. Essa inovação ocorre na plataforma Brasil Participativo, da Presidência da República. Basta acessar (www.gov.br/cndrss3) e participar.









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Texto e fotos: Comunicação Condraf e Eixo Educação e Comunicação do Irpaa