Jovens lideranças comunitárias do Piauí realizam intercâmbio sobre fortalecimento das juventudes e Convivência com o Semiárido

Trocar experiências com grupos de jovens lideranças comunitárias; construir conhecimentos e estratégias para as juventudes, a partir de experiências bem sucedidas por grupos de jovens de organizações sociais; e despertar a liderança juvenil. Esses foram alguns dos objetivos do Intercâmbio realizado pelo Centro de Formação Mandacaru em Juazeiro para conhecer a atuação do Irpaa. A atividade aconteceu entre os dias 24 e 26 de julho.

O coordenador institucional do Centro de Formação Mandacaru e assessor técnico em Agroecologia, Francisco Oliveira, mais conhecido como Uchôa, conta que o intercâmbio foi planejado a partir da “percepção de que há uma necessidade do envolvimento das juventudes nesse processo da sucessão nas comunidades (…) a juventude tem se desligado do campo, porque tem essa visão de que o campo não é o local apropriado para viver”. Diante dessa necessidade, Uchôa reforça ainda: “a gente está fazendo essa inserção desses jovens nessa discussão para que eles se apropriem, para que eles ressignifiquem o seu espaço e consigam construir proposta direcionada para eles a partir dos seus interesses, a partir das suas necessidades no seu espaço de vivência, para que eles se tornem agentes da transformação e possibilite a permanência da existência das comunidades e a garantia dos seus territórios”.

Diante disso, os/as participantes fizeram a Trilha Pedagógica da Convivência com o Semiárido, no Centro de Formação Dom José Rodrigues (Roça do Irpaa), em Juazeiro, na qual puderam conhecer tecnologias sociais e práticas voltadas ao Bem Viver, que promovem uma vida digna às pessoas e conservam o meio ambiente. Sobre a Trilha, a jovem Aline Rodrigues, presidente da associação do Assentamento Nova Terra e técnica da Escola Família Agrícola Santa ngela (Efasa), acredita que vai levar muitas experiências para sua região. “Eu acho que vou levar para a minha comunidade, principalmente na parte dos quintais e a parte das tecnologias de captação de água, da reutilização da água cinza, que eu achei muito interessante porque a gente mora numa área que não tem tanta água disponível;então, reutilizar essa água vai ser uma ótima coisa para a gente colocar, fazer a irrigação nos quintais”.

O intercâmbio promoveu também diálogos com grupos de jovens lideranças do Território Sertão do São Francisco, a exemplo do Coletivo de Jovens CUC (Curaçá, Uauá e Canudos), Raízes Culturalizadas Nordestinas, Carrapicho Virtual, Jovens Lideranças, Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), dentre outros.

Esses jovens trazem “a discussão, o debate para dentro das suas comunidades, a discussão de cidadania e política buscando essa transformação. Eu costumo dizer isso, jovens orgânicos, no sentido de estar movimentando, de estar propondo, de estar colocando o carrapicho na perna da calça, incomodando, porque é preciso fazer essa discussão, trazer esses incômodos mesmo para um sistema que é muito acomodado por uma lógica que não representa as necessidades de nossa região e nem menos as necessidades dos jovens, dos semiáridos”, destaca Uchôa.

Durante o intercâmbio também houve debates sobre como a Educomunicação e a Comunicação para a Convivência com o Semiárido podem contribuir para o fortalecimento das comunidades e impulsionar o papel das jovens lideranças. O técnico agropecuário pela Escola Família Agrícola Santa ngela e representante da Associação dos Produtores e Produtoras Rurais da localidade Barra do Rio, no Piauí, Kayk Ivan, enfatiza como percebeu seu primeiro contato com a Educomunicação. “Minha percepção é que a sociedade se prega a uma certa separação entre comunicação e educação e hoje, eu pude ver que são duas coisas que estão interligadas, uma complementa a outra e essa questão da comunicação ela tem uma grande influência ao longo de toda a história da humanidade, de como tudo tem se desenvolvido, o desenvolvimento da sociedade em si e é por isso que é importante também da gente estar juntando ela com a educação, porque o processo da educação também envolve a comunicação”.

Os/as participantes também visitaram a experiência da Escola Família Agrícola de Sobradinho (EFAS) e conheceram um pouco da história da construção e impactos da Barragem Hidrelétrica de Sobradinho.

Esse intercâmbio promovido pelo Centro de Formação Mandacaru, de Pedro II-PI, , possibilitou uma troca de conhecimentos, aprendizagens e vivências em torno de assuntos fundamentais para a promoção da Convivência com o Semiárido; além de despertar na juventude o compromisso nessa luta em defesa da terra e território, povos e saberes tradicionais, educação contextualizada, e por uma comunicação que seja representativa.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa