Acesso à energia elétrica, mais tecnologias de captação e armazenamento de água, implantação de saneamento básico rural, mais políticas públicas voltadas à construção de estruturas e infraestruturas que possam contribuir com a produção das famílias agricultoras; melhores condições de acesso das crianças à escola; melhor acesso à saúde pública; construção de estradas. Esses foram alguns dos anseios destacados por agricultores e agricultoras das comunidades assessoradas pelo Projeto Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) Bioma Caatinga executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), nos municípios de Sento Sé, Casa Nova e Sobradinho durante a visita do fiscal de contrato da Bahiater, entre os dias 25 e 29 de setembro.
As visitas têm como objetivo verificar se a entidade prestadora de Ater está executando as atividades de acordo com o que foi contratado; verificar se os/as técnicos/as estão acompanhando as famílias assessoradas; esclarecer dúvidas que os/as agricultores/as possam ter; além de colher sugestões para melhorar ainda mais as atividades do Projeto. Como complementa o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana, “Não é só para verificar se o que a gente se propôs a executar está de acordo com o que a gente escreveu e também de acordo com o edital, mas também para eles observarem a realidade do nosso território, porque são diferentes em cada região (…), assim vai ficar mais fácil o diálogo e facilitar seguir o caminho unidos”.
O agricultor Gilberto Santos, da comunidade Bom Progresso e arredores, no município de Casa Nova, acredita que a chegada deste Projeto na comunidade trará bons frutos para sua produção: “Eu acredito que vai trazer vários benefícios (…) Eu acredito que a gente vai crescer mais, pois vai trazer mais informação pra gente, e a gente vai poder trabalhar melhor, desenvolver melhor o que a gente já produz aqui, trazer coisas novas”.
O agricultor Geraldo de Oliveira Fernandes, da comunidade Algodão, em Casa Nova, aproveitou a visita do fiscal para fazer um desabafo em relação à falta de energia elétrica. Ele destaca que apesar de existir uma subestação elétrica a menos de 2 km da comunidade, as famílias não são abastecidas por essa, nem por nenhuma rede elétrica; e ressalta também a necessidade de implantação de cisternas de produção para famílias rurais que ainda não possuem, pois essa tecnologia contribui significativamente para a produção alimentar. O agricultor reconhece também a importância da assessoria técnica, e do acompanhamento para potencializar a sua produção, “É muito importante o projeto, que vai melhorando no conhecimento que a gente não tinha e o técnico vai trazendo pra gente no dia a dia, a gente vai aprendendo a lidar com a situação, tanto na seca, como cuidar dos nossos bichos, e a gente vai buscando melhorar a cada dia”.
Já a jovem agricultora Luciane de Oliveira Fernandes Souza, da comunidade Junco, também em Casa Nova, que também não possui energia elétrica, sonha em aumentar a sua criação de animais e acredita que através da sua participação no Projeto pode ser possível, a partir de outras políticas públicas, ter acesso a investimentos que possam contribuir para potencializar a sua produção. “O meu desejo é que venha algum recurso, porque nem todas as famílias tem condição pra fazer aquilo que gosta, então que venha algum recurso para nós poder investir [na criação]”, conta Luciane.
Compreendendo as diversas melhorias que o Ater Bioma Caatinga pode proporcionar, a agricultora Maria Aparecida, da comunidade Tatuí IV, em Sobradinho, fala sobre o sentimento de participar do projeto Ater Bioma Caatinga: “Pra mim é ótimo, porque eu já participei uma vez e eu recebi muitos benefícios (…) A gente teve um grande desenvolvimento da outra vez, e acredito que agora vai ser ainda melhor”.
O fiscal da Bahiater, Marcos Rebouças explica qual a importância dessas visitas para o bom andamento do Projeto Ater Bioma para as comunidades do Semiárido. “É muito importante, porque a gente conhece de perto as necessidades dos beneficiários e beneficiárias do projeto, é importante para o governo, porque a gente tem a noção das necessidades que cada um tem na sua comunidade, em cada território. E dessa forma, o governo através da SDR e da Bahiater tenta ajudar a agricultura familiar do território do Sertão do São Francisco”.
Nesse sentido, o colaborador do Irpaa, Alessandro, destaca de que forma as visitas do fiscal e as ações do projeto Ater Bioma Caatinga podem colaborar para que as famílias tenham seus direitos fundamentais respeitados, como acesso à energia elétrica, a água, saneamento básico, educação e saúde de qualidade. Nessas visitas, “o fiscal do contrato, representante do Estado, observou e ouviu diretamente, anotou e vai levar essa demanda para os órgãos responsáveis do estado. Mas também, o Ater Bioma, de forma continuada, vai fortalecer o coletivo, as associações para orientar e fortalecer a luta nas reivindicações de forma organizada. (…) porque o Bioma Caatinga, não é só a Caatinga em pé, isso é importante, mas o bioma envolve também pessoas, envolve jovens, mulheres, lutas, defesas e nisso, nós vamos contribuir com assessoria”, em defesa da Convivência com o Semiárido.
Além das visitas foi realizada uma reunião com a equipe técnica do Ater Bioma Caatinga, que teve como foco esclarecer dúvidas, facilitar o diálogo, fazer alinhamento com a equipe, buscar soluções para questões burocráticas, de execução e de análise documental; e ainda verificar se a entidade está cumprindo com as obrigações trabalhistas e previdenciárias.
Através do Ater Bioma Caatinga, o Irpaa acompanha 1.080 famílias nos municípios de Casa Nova, Sobradinho, Sento Sé, Juazeiro e Curaçá. O Projeto é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).
Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa