Apresentação de experiências e visitas a abatedouros, laticínios, cooperativas e Unidades de Referência Tecnológica (URT), fizeram parte da Rota de Aprendizagem “Experiências positivas na produção de caprinos e ovinos no Semiárido” realizada entre os dias 13 e 20 de agosto. A Rota percorreu sete territórios de identidade (Cariri Oriental Paraibano, Cariri Ocidental Paraibano, Sertão do Moxotó, Sertão do Pajeú, Vale do Itaim, Sertão do São Francisco e Bacia do Jacuípe), nos estados de Pernambuco, Piauí e Paraíba.
A Rota teve como objetivo proporcionar o intercâmbio de conhecimento das experiências exitosas, boas práticas e iniciativas de sucesso. Além de discutir acerca dos problemas e desafios relacionados ao sistema produtivo e às agroindústrias de caprinos e ovinos no Semiárido brasileiro.
Dentre as experiências visitadas, está a Cooperativa de Produtores e Produtoras da Chapada Vale do Itaim (COOVITA), com sede no município de Betânia-PI, uma organização com potente envolvimento e participação de jovens e mulheres. Para os gestores da cooperativa, os/as parceiros/as e os processos de formação são fatores que têm contribuído para um bom funcionamento da cooperativa, bem como, geração de renda para as famílias envolvidas. “Em meio as experiências visitadas, a COOVITA me chamou bastante atenção, por ver o quanto as mulheres e jovens do campo estão envolvidas, dá um sentimento de representatividade, é emocionante ver esse público ocupando espaço, inseridos e contribuindo no desenvolvimento local. As visitas reafirmaram o poder que a organização social tem, o quanto o povo unido, trabalhando coletivamente, são capazes de colher bons frutos”, ressalta a colaboradora do Irpaa, Maiara Carvalho.
Já as visitas realizadas às Unidades de Referência Tecnológica (URT), possibilitaram conhecer tecnologias que vêm contribuindo no desenvolvimento da cadeia caprino e ovino, promovendo geração de renda e qualidade de vida para os/as produtores/as, bem como, incentivando a dar continuidade às atividades, mesmo diante dos gargalos existentes no processo de comercialização. Para exemplificar essa abordagem, foi apresentada a experiência exitosa do agricultor Vandenilson, morador na zona rural de Betânia, que em seu agroecossistema realiza práticas de manejo reprodutivo, sanitário e alimentar que contribuem na redução de custos, como por exemplo, o cultivo e armazenamento de forragem através de silagem e uso do banco de palma forrageira, realização do método famacha, anotações zootécnicas, estação de monta, e principalmente, controle na quantidade do rebanho.
Na propriedade de Vandenilson existe uma barragem subterrânea construída via recurso do Governo Federal, que vem dando bons resultados, o que motivou o produtor a construir uma segunda barragem com recurso próprio, utilizando a renda gerada a partir da comercialização de animais tanto para o abate como para a reprodução. Também com recurso gerado a partir da atividade, o produtor fez aquisição de uma área de 17 hectares, aumentando sua área que era de apenas 10 hectares.
Maiara Carvalho fala sobre a importância de participar deste intercâmbio “Além de ter sido um privilégio estar neste espaço de trocas, foram momentos de muita aprendizagem, sinto-me fortalecida para continuar no trabalho da Convivência com o Semiárido, ciente de que cada região tem suas particularidades. Entretanto, um fator em comum, que é o quanto o povo do campo é forte, resiliente e que só precisa de políticas públicas apropriadas, com investimentos em tecnologias que os incentivem a desenvolver a cadeia da caprino ovino, que tem potencial extraordinário, bem como geração de renda e de qualidade de vida para os agricultores familiares”.
A Rota de Aprendizagem que proporcionou observar potencialidades em todas as experiências visitadas, além da existência de desafios a serem superados, como a ausência de capital de giro e a legislação em relação a comercialização, teve início no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão PE), em Petrolina-PE e finalizou na sede do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), em Campina Grande-PB. A Rota contou com a participação de agricultores familiares, técnicos extensionistas, agentes formuladores de políticas públicas, instituições de ensino e lideranças dos empreendimentos considerados como experiências exitosas e casos de sucesso da caprinocultura e ovinocultura do Semiárido brasileiro, e representantes de organizações que executam Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater), a exemplo do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa).
A Rota de Aprendizagem “Experiências positivas na produção de caprinos e ovinos no Semiárido” é resultado de parceria entre a Embrapa Caprinos e Ovinos; Projeto Dom Hélder Câmara; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Projeto Adaptando Conhecimento para Agricultura Sustentável e Acesso ao Mercado (AKSAAM) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). E contou com apoio do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), IF Sertão PE, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, Instituto Agronômico do Pernambuco (IPA) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Texto e fotos: Colaboradora do Irpaa, Maiara Carvalho
Edição do texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa