Formação sobre apicultura reúne agricultoras/es de Juazeiro

Em crescimento no Semiárido, a atividade apícola tem ganhado cada vez mais adeptas/os, como as famílias de Caiçara e Cipó, em Juazeiro-BA. A apicultura é uma atividade essencial para o equilíbrio e a sustentabilidade da Caatinga, pois são as abelhas as maiores responsáveis pela polinização das plantas. Além da preservação da natureza, a atividade contribui para a geração de renda dos/as apicultores/as.

No último dia 08 de fevereiro, foi realizada uma atividade de campo sobre o manejo de enxames e a colheita do mel, na comunidade Cipó. Para José Lindomar, presidente da Associação Comunitária Agropastoril de Cipó, “a apicultura representa a expectativa de um novo trabalho, de uma nova renda para a comunidade”, que já é famosa pela caprinovinocultura e, em especial, pela produção de queijo com leite de cabra. Lindomar acredita que a apicultura trará resultados financeiros importantes e destaca o interesse da comunidade pela atividade apícola.

Em Caiçara algumas famílias também têm experimentado a produção de mel. “Na Caiçara a gente já tem 13 caixas. Já tiramos mel de uma”, conta seu Dionísio Santos. O mel colhido na Caiçara veio de um apiário implantado recentemente na área do Recaatingamento, área isolada para a conservação e recuperação do Bioma Caatinga. Além da proteção da biodiversidade e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, essa iniciativa está servindo de aprendizado para a comunidade, já que as famílias de lá ainda não praticavam a apicultura e a atividade em Cipó gerou expectativas em seu Dionísio. “Pela daqui que nós tiramos hoje, acho que a de lá deve tá cheia de mel”, projeta seu Dionísio, traçando um comparativo.

O novo apicultor demonstra preocupação com a Caatinga e a preservação das abelhas. “Eu me preocupo por que, se deixar o povo tirar [refere-se à retirada predatória de enxames], aí queima os pé de pau”, conta ele, expressando a preocupação com a flora e fauna Caatinga.

Além de beneficiárias/os do projeto, participaram da formação jovens integrantes da República do Irpaa, que juntos com os agricultores puderam ir a campo para terem uma vivência prática com as abelhas. Para Jadson Reis, um dos recém-chegados à república, “conviver com os técnicos nas atividades de campo é muito proveitoso, porque tem como aprender mais teorias vendo a prática e aplicar [nas atividades comunitárias] a teoria, vista na escola ou academia”.

A formação foi realizada pelo Irpaa através do projeto que debate a adaptação às mudanças climáticas e a Convivência com o Semiárido, com investimento do Governo alemão, intermediado pela Cáritas Alemã. De acordo com Jamile Rocha, colaboradora do Irpaa, o encontro teve o objetivo de aprofundar mais os conhecimentos da apicultura. “Como a gente fez a implantação de abelhas na área, a gente viu a necessidade de aprimorar ainda mais o conhecimento da gente e dos agricultores para desenvolver essa atividade, que é a colheita do mel”, relata Jamile.

As ações do projeto também contam com a implementação de tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva, tecnologias de saneamento básico rural, quintais produtivos e ações de Recaatingamento. Além de trabalhar o processo formativo nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe, no qual foram abordados temas como sistemas de tratamento de esgoto e reúso agrícola, Convivência com o Semiárido e Educomunicação.

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa.