Com o objetivo de criar um espaço de acesso a conteúdos e pesquisa sobre o território Semiárido; e valorizar as sementes, além de possibilitar a compreensão sobre a diferença entre sementes crioulas (sem alteração genética ou utilização de produtos químicos) e transgênicas (organismo geneticamente modificado) foi criada a biblioteca comunitária e o banco de sementes na Associação Comunitária Tradicional Quilombola dos Agricultores Rurais de Lagoa Branca, em Campo Formoso. A proposta faz parte do projeto Pró-Semiárido e contou com o envolvimento do grupo Jovens Unidos em Cristo (JUC), formado por 12 integrantes, que além de colaborar com a criação, faz a gestão desses espaços.
A coordenadora do JUC, Kelly Maria da Silva, destaca a contribuição que a biblioteca trará para a comunidade. O espaço já possui algumas obras como a Caderneta Agroecológica e livros sobre Fundo e Fecho de Pasto e Convivência com o Semiárido. “A biblioteca comunitária tem muitos livros que falam sobre a nossa região, sobre o Semiárido e como nós devemos trabalhar nele. Rico de conhecimentos para que a gente possa estar cuidando melhor do lugar que nós vivemos, pois muitas vezes nós moramos, mas não conhecemos o lugar (…) Então, esses livros na biblioteca comunitária trazem muito conhecimento para nós”, explica Kelly.
O colaborador do Irpaa, André Lira chama atenção para a diversidade de temas encontrados nas prateleiras e da importância do ambiente, que proporciona conhecimento e compreensão sobre o Semiárido. “Essa biblioteca vem nesse sentido, de vários materiais voltados ao clima (…) também vai ser um espaço de pesquisa, um laboratório para outros jovens, crianças e adultos que queiram fazer essa pesquisa. Vai ser um espaço bem dinâmico, a gente tá pensando para que seja aconchegante. E os jovens têm grande importância na gestão do espaço”.
No início do projeto Pró-Semiárido muitas famílias agricultoras comentavam que devido à pouca chuva, deixaram de fazer a plantação de culturas como: feijão, batata, milho e melancia, o que acarreta na falta de alimentação para a família e também no “sumiço” das sementes crioulas. Visando garantir a permanência dessas sementes, surgiu a ideia do banco de sementes na comunidade Lagoa Branca.
O banco de sementes já possui sementes de milho, feijão, melancia, moringa, umburana de cheiro, andú, gergelim e outras, vindas da própria comunidade Lagoa Branca, e também de comunidades vizinhas como Poço da Pedra, Tenente e Tábua. “Através do banco de sementes onde tem as sementes crioulas, as sementes que são das famílias que há muito tempo plantam e colhem os frutos dessas sementes crioulas. Vamos aprendendo também a importância delas para a nossa alimentação e a diferença entre as sementes crioulas e as sementes transgênicas”, conta Kelly.
O Pró-Semiárido, executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) é um projeto da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), mediante acordo de empréstimo entre o Governo da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Foto: André Lira, colaborador do Irpaa