Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária celebra 100 anos de Paulo Freire e reafirma a luta por direitos

Começa hoje (27) e segue até quinta-feira (29), de forma virtual, a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), ação idealizada pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), como forma de visibilizar a importância da luta pela reforma agrária no Brasil. As discussões serão transmitidas através do canal TV CAECDT no YouTube.

A Jornada que também rememora as vítimas do massacre de El Dourado dos Carajás, no estado do Pará, ocorrido em 17 de abril de 1996, que vitimou 21 camponeses que lutavam pelo direito à terra e à dignidade, traz na programação debates sobre a terra e território, a educação, e os impactos da pandemia na vida do povo. Além de abordar acerca da atualidade do pensamento de Paulo Freire e as ações de solidariedade que os movimentos sociais populares estão realizando em toda a Bahia em tempos de crise.

Há anos, a Jornada vem sendo realizada na Bahia num amplo processo de diálogo e articulação dos movimentos sociais populares com as universidades públicas estaduais e federais. A professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Maria Nalva Araújo, conta sobre quando e como surgiu a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária.

“A JURA é uma atividade que nasceu no segundo encontro nacional de professores universitários com o MST, realizado em 2013, na Escola Nacional Florestan Fernandes. E debateu-se que a Reforma Agrária e a questão da terra no Brasil tinha desaparecido das universidades, então, deliberou-se sobre a realização de atividades acadêmicas”, relembra Nalva.

Ela também afirma que apesar de ser extremamente delicado debater temas como a reforma agrária, é fundamental que ela seja pauta dentro das universidades. “Nesse debate, a gente fala dos grandes conflitos existentes, o papel dos movimentos sociais no enfrentamento ao avanço do capital, do agronegócio”, destaca a professora.

Segundo a educadora e representante do MST, Djacira Araújo, a JURA tem contribuído de diferentes formas e possibilitado o protagonismo dos sujeitos que constroem a luta camponesa. “Ela colabora com o próprio protagonismo dos educadores, professores e pesquisadores universitários que tem vínculos de atuação pedagógica junto aos movimentos sociais do campo, especialmente ao MST”, diz Djacira.

Neste ano de 2021, a JURA também celebra o centenário de nascimento de Paulo Freire, grande educador e patrono da educação brasileira, que na sua missão de vida na área da educação criou um método de alfabetização e contribuiu com a escolarização de milhares de pessoas em todo o mundo. Assim, Djacira destaca como Freire e sua atuação política foram importantes para a luta por uma educação voltada para o povo e com o povo.

“Paulo Freire situou a educação como a sua grande bandeira de luta e compreendendo esta como um projeto nacional, de um projeto de Brasil democrático e solidário. Ele parte de uma denúncia, que é a exclusão do povo brasileiro ao acesso à escolarização, e relacionando essa como parte da exclusão dos trabalhadores e oprimidos, e dentre esses, os povos do campo”, aponta Djacira.

Texto: Eixo Educação e Comunicação / Foto: divulgação