Comemora-se todo dia 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, com o objetivo de conscientizar a população mundial sobre a importância dos cuidados que devem ser tomados para a preservação da saúde, bem como, chamar a atenção acerca da necessidade de políticas públicas voltadas para o bem estar.
Na Constituição Federal de 1988, o artigo 196, expõe que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, sendo esse o responsável por garantir, mediante políticas públicas sociais e econômicas, a redução do risco de doença e de outros agravos, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Para Simone Leite Batista, enfermeira sanitarista e integrante do Conselho Nacional de Saúde, representando a Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde (ANEPS), esta data é muito significativa, pois rememora a caminhada das forças populares que lutaram durante anos pela construção e efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A luta por um sistema único de saúde, o movimento popular de saúde já vinha fazendo ao longo desses anos, desde a década de 1970. E foram muitas as mobilizações, onde o movimento popular de saúde tinha representantes em todos os estados desse país”.
“A gente precisa lutar para que esse sistema único de saúde seja efetivado, e a participação popular é fundamental. Desde a participação no conselho nacional de saúde, até os conselhos locais”, destaca Simone, reforçando que sem a presença da população cobrando para que o orçamento da saúde seja utilizado corretamente, será muito difícil que o SUS se mantenha como um serviço adequado à realidade popular.
Ela também reforça que o dia 7 de abril é muito importante para se pensar na saúde integral. “Saúde não é só hospitais, médicos e ambulâncias. As pessoas precisam se cuidar, as pessoas precisam se alimentar melhor, a gente precisa lutar contra os agrotóxicos, a gente precisa lutar para ter gestores comprometidos com a saúde”, enfatiza Simone.
O SUS foi criado em 1988, por ocasião da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, e desde então tem oferecido a todo cidadão e cidadã acesso integral, universal e gratuito aos serviços de saúde. O SUS é considerado um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo e beneficia anualmente cerca de 180 milhões de pessoas, seja realizando procedimentos ambulatoriais simples até atendimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos.
Pandemia no Semiárido
Nos últimos dois anos, desde o início da pandemia do novo coronavírus, a saúde pública tornou-se a questão mais discutida pela sociedade a nível mundial. Com a rápida disseminação pelo mundo e seu alto grau de letalidade, a OMS alertou sobre a necessidade de adoção de medidas restritivas – como, por exemplo, lockdown (confinamento), uso de máscaras e álcool em gel – na perspectiva de reduzir o número de contágios e, consequentemente, de mortes.
As medidas restritivas adotadas por diversos países mundo afora confirmou a efetividade dessas ações, no entanto, a situação do Brasil fugiu do controle, por dois motivos: i) falta de gerência política administrativa diante da crise e ii) adoção de um discurso negacionista, descredibilizando a ciência e a importância das vacinas produzidas até o momento.
De acordo com dados do Núcleo de Operações e Inteligência, da Pontifícia Universidade Católica (PUC – Rio de Janeiro), as pessoas negras e pobres são as que mais sofrem as consequências negativas causadas pela pandemia do novo coronavírus. Segundo os dados, 55% das pessoas negras perderam suas vidas, enquanto que, de pessoas brancas, apenas 38%, escancarando assim, a desigualdade existente e como ela impacta de forma diferente na vida da população brasileira.
Por entender a fragilidade que vivem as populações do Semiárido neste momento pandêmico, a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), somando-se ao conjunto das organizações da sociedade civil que luta pela vacinação em massa da população, lançou uma campanha em defesa da vacinação contra a Covid-19, tanto com o objetivo de reforçar que a vacina é um direito e deve ser assegurado para todas as pessoas, como enfrentar a onda de notícias falsas que vêm sendo disseminadas pelas redes sociais, em especial, Whatsapp, Facebook e Instagram, colocando medo nas pessoas sobre os efeitos da vacina.
O agricultor Venâncio José Gonçalves, 67 anos, da comunidade Lagoinha dos Braga, município de Remanso, conta da sua felicidade em ter recebido a primeira dose da vacina no dia 5 de abril. “Eu achei muito importante ter tomado a primeira dose da vacina, quero tomar a segunda e peço que todo agricultor também tome a sua”, e acrescenta “daqui da comunidade, outros 6 tomaram a vacina e ontem à noite procurei saber como eles estavam, e estavam todos bem”. Ele reforça para outros agricultores e agricultoras que a vacinação é algo muito importante para garantir a saúde.
Outro que já tomou a vacina e está muito animado com grande expectativa pela segunda dose é o agricultor Brasilino João Francisco, 75 anos, da comunidade Bebedouro, Campo Formoso – Bahia. “Eu tomei a vacina e me dei muito bem. Espero que todo mundo tome esta vacina e se dê bem como eu”, afirma ele.
Todos os anos, o Dia Mundial da Saúde organiza-se em torno de uma temática, e este ano, diante do atual cenário de crise sanitária e socioeconômica, o tema é “Construção de um mundo mais justo e saudável para todos”.
Texto: Eixo Educação e Comunicação
Imagens: Rede de Médicas e Médicos Populares e Asa Brasil