Pensar os processos comunicativos como elemento de construção e transformação social a partir da educomunicação foi uma das propostas da Oficina de Educomunicação que reuniu agricultores/as, representantes de organizações populares, associações comunitárias e movimentos sociais do Estado da Bahia, que são parceiras do Irpaa. Em meio à pandemia do novo coronavírus, a formação aconteceu de forma virtual, na última quarta-feira (27).
As reflexões sobre comunicação como direito, liberdade de expressão, crítica da mídia e da comunicação para Convivência com o Semiárido também fizeram parte do debate. Segundo Gildete Pereira de Lima, técnica em Zootecnia que atua no Sasop, todo esse debate ajuda “a gente a observar a influência que a mídia tem no nosso dia a dia, na nossa atitude, seja do poder de comprar ou no poder de repassar as informações que (…) isso influência diretamente o nosso modo de vida”, relata Lima.
Dialogando com essa proposta de instigar o grupo para olhar de forma mais crítica para as narrativas que são construídas pelos grandes veículos de comunicação no país, o participante da oficina Josuel Victor Ribeiro Mota, explica que esse momento foi “importante para compreendermos o papel da comunicação no modelo de sociedade que vivemos hoje (…) e termos um pensamento crítico sobre esse modelo, sobre a quem pertence a comunicação de verdade [veículos de comunicação], quem se beneficia com que é noticiado”.
Álvaro Luiz, colaborador do Irpaa, foi um dos facilitadores da oficina de educomunicação, e explica a importância de problematizar o papel da comunicação e o discurso hegemônico da grande mídia existente no país, antes de discutir o conceito e as premissas que envolve a Educomunicação. “É preciso entender que o nosso país é controlado por grandes empresas da comunicação e que isso resulta na negação de direitos. Uma forma de buscar tais direitos é por meio da leitura crítica e da produção de conteúdos. Isso é a base da formação que fazemos”, detalha Álvaro.
Educomunicação: uma comunicação ativa e participativa
Para contrapor esse modelo de desenvolvimento excludente dos meios de comunicação de massa, a educomunicação propõe uma comunicação que envolve a população na sua produção e divulgação, uma comunicação feita pela comunidade e para a comunidade.
Esse perfil participativo permite aliar a produção de conteúdo a um processo de formação dos diversos atores e atrizes, a exemplo do Coletivo de Educomunicação Carrapicho Virtual, que reúne jovens das comunidades rurais de Juazeiro e do Canal Raízes Culturalizadas Nordestinas, criado por jovens rurais de Canudos. Durante a formação, essas experiências foram partilhadas através de uma roda de conversa com os representantes destes grupos, Noésio Santos, pelo Carrapicho e William Levy pelo Canal Raízes.
A partir dessa troca de experiência e do debate sobre e educomunicação, Gildete acredita na construção de novas formas de diálogo na sua ação de multiplicadora de conhecimento, “a gente tá conhecendo novas formas de se comunicar, novos meios de trazer informações. É muito interessante… isso vai fazer com que a gente tenha uma visão mais crítica de tudo que a gente repassa, seja para os agricultores e agricultoras que a gente assessora ou para nossos familiares”, explica a jovem que já diz está ansiosa para o próximo encontro da formação, que devido a pandemia foi dividido em dois momentos.
Essa atividade de formação faz parte do projeto Convivência com o Semiárido e adaptações às mudanças climáticas, que é executado pelo Irpaa, com apoio da Cáritas da Alemanha. Além do estado da Bahia, o projeto também é desenvolvido em Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Piauí.
Texto e Foto: Comnicação do Irpaa