Apesar de estudos comprovarem que as abelhas já estão presentes na natureza há mais de 42 milhões de ano, os registros encontrados hoje apontam que ela só passou a ser manejada pelos seres humanos por volta de 10.000 anos atrás. Sumérios, babilônicos, gregos e romanos foram algumas das civilizações que já descreviam sua relação com as abelhas. Mas somente a partir do século XVIII que os estudos acerca da criação de abelhas ampliou-se e ganhou contribuições científicas sistematizadas.
De acordo com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, oficialmente a Apicultura chegou no Brasil em 1839, com o padre Antônio Carneiro, e desde então tornou-se uma atividade de extrema relevância, tanto econômica, como ambiental. Economicamente, a atividade apícola proporciona a produção de mel e seus derivados como o pólen, cera, própolis, geleia real, o que ajuda na diversificação da produção e na comercialização. Já ambientalmente, as abelhas são extremamente importantes no processo de polinização, e sem elas muitas espécies de plantas não produziriam frutos, e consequentemente não alimentaria os outros seres vivos, colocando em risco a vida no planeta.
Em toda região semiárida, a Apicultura vem nas últimas décadas consolidando-se como uma estratégia de geração de renda para milhares de famílias, que aproveitam o potencial florístico da Caatinga para produzir. No município de Sento Sé, por exemplo, o Irpaa através do Pró Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e cofinanciamento da fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), vem desenvolvendo ações para o fortalecimento da atividade apícola.
Segundo Bruno Gonçalves da Silva, articulador municipal do Irpaa em Sento Sé, a instituição em suma, no município todo tem 14 grupos de interesses, "temos o grupo de caprino ovinocultura, agrobiodiversidade, que trabalha com hortaliças, galinhas, tem grupos também de avicultura, quintais agroecológicos, mandiocultura, apicultura. Estas atividades produtivas desenvolvidas no município e separa por grupos, são contempladas com estrutura para melhorar a produção que os agricultores já desenvolvem”.
Um das ações do Projeto no município é o trabalho de assessoria técnica e estruturação produtiva junto a Associação dos Apicultores de Sento Sé (Aapssé), que se apresenta como uma experiência importante no fortalecimento de estratégias de comercialização. A associação, constituída desde o início da década de 90, conta com 15 famílias associadas que produzem mel e derivados, além de investirem na produção de alimentos in natura.
Jaciara Ladislau, tesoureira da associação, avalia que a chegada do Irpaa através do Pró-Semiárido vem fortalecendo a Apicultura, “fizemos um grupo de manifestação de interesse de Apicultura, justamente para alinhar a questão dos equipamentos, as caixas, que já chegaram, para melhorarmos a produção. Eu acredito que vamos melhorar a produção de mel aqui no município. Vamos pensar no Selo de Inspeção Federal e correr atrás dos equipamentos que faltam”, aponta. A Aapssé conquistou em 2005, o registro da Agência de Defesa Sanitária da Bahia (ADAB), o Selo de Inspeção Estadual (SIE), e tem acessado a diversos mercados, como PAA, PNAE, além de feiras e eventos da Agricultura Familiar.
Atualmente a Aapssé, além de trabalhar com a Apicultura, também tem investido na mandiocultura e na fruticultura. Sua atuação inclusive tem proporcionado a aproximação da juventude, que até então, não identificava a Agricultura Familiar como alternativa de trabalho e geração de renda. Para Emerson Leobiono, que se encantou com o trabalho com as abelhas e os aprendizados que elas proporcionam, como o trabalho em equipe. Ele argumenta que, “minha expectativa é de uma melhoria de vida, onde poderei tirar um lucro a mais para a renda da família e contribuir com a natureza, pois graças ao seu trabalho o meio ambiente ganha mais vida e aprendemos que todo animal é único e de suma importância pra a natureza”, pondera.
Até pouco tempo atrás, o Emerson estava decidido a ir embora e buscar oportunidades em Brasília, mas após o contato com debate da Convivência com Semiárido e a participação na Escola de Formação de Convivência com o Semiárido realizada pelo Irpaa, ele mudou de ideia. Para ele, a região Semiárida não é um lugar de pobreza, mas sim de resistência, força e adaptação.
Texto: Comunicação do Irpaa / Fotos: Arquivo Irpaa