Inspirada pela experiência de 12 anos enquanto extensionista rural voltada para Convivência com o Semiárido, a estudante do curso de mestrado em Extensão Rural da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, Gizeli Maria Oliveira, no último dia 30, defendeu a pesquisa “Assessoria técnica e extensão rural para mulheres: uma política pública necessária”.
De acordo com a pesquisadora, a sua vivência enquanto técnica do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – Irpaa a fez perceber que a maior parte das mulheres não assumiam o protagonismo nas famílias e comunidades, sobretudo nos projetos voltados para Assessoria Técnica e Extensão Rural – Ater.
Ao adentrar no curso, Gizeli optou por pesquisar esta realidade, considerando a participação ativa das mulheres rurais nos diversos ambientes de trabalho, muitos destes invisibilizados e/ou pouco valorizados. A comunidade de Melancia, no município de Casa Nova, foi o lócus da referida pesquisa, gerando dados que permitiram concluir que uma política de Ater para mulheres permanente é necessária.
Dentre outros apontamentos da pesquisa, “esse trabalho trouxe a oportunidade (…) de chegar a conclusão de que realmente é necessário um espaço de discussão só para as mulheres, principalmente na zona rual”, afirma a pesquisadora. Esse dado foi apurado a partir da comparação feita entre projetos de assessoria técnica específica para mulheres e assessoria mista (mulheres e homens).
Presente na defesa da pesquisa, a integrante da Rede Mulher, Maria do Socorro dos Santos, destaca a importância desse tema ser pautado no ambiente acadêmico e comemora o fato de a cada dia mais mulheres militantes estarem conquistando titulações acadêmicas, sobretudo pautando temas de relevância para as próprias mulheres, como é o caso da pesquisa realizada por Gizeli. “Isso é uma riqueza, quando nós temos mulheres, nossas companheiras, fazendo um curso desse é maravilhoso porque vai ajudar muito as mulheres do campo”, avaliou Socorro.
Aspectos como a criação da Lei de Ater, a execução de uma assessoria específica para mulheres e a importância destas políticas públicas foram elementos chaves presentes na dissertação que resultou também em um e-book, instrumento que, de acordo com Gizeli Oliveira, pode servir como base orientadora para a formulação de políticas para o segmento.
Componente da Banca Examinadora, a Drª Dalila Carla dos Santos, considera de grande relevância pautar a necessidade de que as políticas públicas para o meio rural sejam ampliadas dentro da perspectiva de gênero. Além disso, ao considerar o papel da Universidade, a professora reconhece que a pesquisa contribui para aproximar a comunidade do ambiente acadêmico e vice-versa. “É fundamental ter pessoas, técnicas que são atuantes dentro das comunidades, que possam ter essa formação, fazendo essa ponte entre a comunidade rural e a Universidade (…), que é um dos papéis, a Universidade precisa trazer essa devolutiva”, opinou Dalila.
Após as correções finais, o e-book estará disponível para acesso do público, especialmente as mulheres camponesas, organizações sociais e governos, com o intuito de oferecer elementos que problematizem as ações, projetos, programas, leis já existentes ou que venham ser criadas e assim seja possível avançar nas políticas públicas para mulheres.
Texto e foto: comunicação