Experiências de agricultores/as são apresentadas durante XI CBA

Experiências exitosas acompanhadas pela equipe do Irpaa que executa o Projeto Semiárido Produtivo foram compartilhadas durante o XI Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que aconteceu na Universidade Federal de Sergipe entre os dias 04 e 07 de novembro.

A partir de Eixos Temáticos propostos pelo evento, a equipe inscreveu trabalhos, os quais foram apresentados com a participação de agricultores/as beneficiados/as, colaboradores/as da instituição, participantes do evento, além de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que financia o referido projeto.

Jeferson Marques, colaborador do Irpaa responsável pela execução do Projeto na Bahia, levou para o evento a experiência de uma família do município de Remanso, que vem explorando diversas alternativas para potencializar o manejo na atividade apícola. “Esse momento foi bastante oportuno (…), tendo em vista que essa Unidade de Produção Familiar já recebe visitas de intercâmbios, disseminando assim a experiência”, relata Jeferson. Ele destaca ainda que no mesmo Eixo onde o trabalho foi apresentado outras práticas voltadas para segurança alimentar chamaram atenção para a importância de trabalhar com os sistemas agroalimentares.

Outro trabalho apresentado relatou resultados do projeto já constatados até o momento, tendo como base o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), entrevistas e visitas de campo realizadas. “O foco foi o manejo do agroecossistema das famílias que estão envolvidas no projeto. A gente observou alguns tipos de manejo que fortalecem a agricultura e proporcionam sustentabilidade”, explica Ana Cristina Oliveira, que acompanha a execução do Projeto nos estados de Sergipe e Alagoas.

O Projeto Semiárido Produtivo teve início em 2017 e segue sendo executado em cinco estados do Semiárido (Bahia, Sergipe, Alagoas, Piauí e Pernambuco). Além de assessoria técnica voltada para Convivência com o Semiárido, dentre as ações do projeto estão também a realização de formações, intercâmbios e a construção de estruturas para melhoramento do manejo na produção de alimentos vegetais, beneficiamento e criação de animais, favorecendo iniciativas individuais das famílias ou das comunidades.

Conhecimento Popular X Conhecimento Científico

Durante o CBA, o debate acerca da relação entre a ciência produzida na academia e o conhecimento popular esteve presente em diversos espaços. O Congresso em sim é um evento acadêmico, porém esta edição contou com uma expressiva participação de agricultores/as e movimentos sociais, especialmente do campo.

Um dos momentos propostos na programação pautou esse debate a partir do tema “intelectuais indígenas, quilombolas e fundo de pasto na universidade”, reunindo estudantes e/ou pesquisadores/as desses segmentos. Para Jaziel Silva, que representou as comunidades Fundo de Pasto do sertão da Bahia na mesa, “intelectual são os nossos que estão lá na comunidade (…), não é a academia que vai decidir quem é intelectual nas nossas comunidades”. No entanto, para ele é importante se inserir nesse processo de construção científica do conhecimento: “se estão escrevendo a respeito de nós, então que nós mesmos possamos escrever nossas histórias, com nossos olhares, com nossa sensibilidade”, argumenta o jovem pesquisador e militante das comunidades tradicionais.

A camponesa Noemi Margarida Krefta, de Plama Sola, em Santa Catarina, em outro espaço de discussão também reforçou que a academia precisa dar voz aos povos, os quais costumam ser apenas objeto de pesquisa. Para ela, é preciso que as comunidades e segmentos populares reivindiquem a assinatura das pesquisas e estudos, entendendo que a construção do conhecimento acadêmico não seria possível sem a autoria dos sujeitos envolvidos, no caso das pesquisas que envolvem pessoas e seus contextos sociais.

Texto: Comunicação Irpaa

Fotos: Comunicação Irpaa/ Eixo Produção