O processo de monitoramento e avaliação interna são práticas comuns nos projetos executados pelo Irpaa. Olhar para as ações planejadas e executadas, observando os resultados para o público beneficiário é uma forma de aprimorar o trabalho, como tem sido feito no âmbito do Projeto Semiárido Produtivo, que desde novembro de 2017 está sendo executado em cinco estados do Semiárido brasileiro.
Nos dias 02 e 03 de julho, a equipe executora esteve mais uma vez reunida para socializar as ações realizadas no primeiro semestre de 2019, especificamente relacionadas a implantação dos kits produtivos familiares em cada município contemplado com o projeto nos estados do Piauí, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia.
A atividade aconteceu em Juazeiro (BA) e contou também com momento de formação voltada para comunicação, definição de metodologias e cronograma para oficinas municipais com foco na produção e gestão coletiva a serem realizadas a partir deste mês, bem como planejamento das visitas de assessoramento e monitoramento, além de encaminhar a participação em outras atividades institucionais.
Os investimentos coletivos e também individuais previstos no projeto contemplam diretamente 400 famílias e são oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. No primeiro semestre deste ano foram cumpridas metas de visitas de Assessoria Técnica para conhecer as propriedades das famílias de referência do projeto, uma etapa necessária para definir a aplicação dos recursos para estruturação, com vistas a incrementar o aspecto produtivo, considerando o potencial de cada propriedade.
Até o momento já foi assegurada a concretização de 104 investimentos familiares distribuídos nos cinco estados. Essa demanda garante a melhoria da qualidade de vida dessas dezenas de famílias, impactando positivamente também na vida da comunidade como um todo, uma vez que “foram dialogados com a realidade de cada propriedade, de cada região”, conforme pontuou Paulo Cesar de Jesus, coordenador do Semiárido Produtivo.
Estruturação Produtiva
Os investimentos iniciais viabilizaram a construção de estrutura para criação de animais de médio e pequeno porte como aviários, pocilgas, apiários, aprisco e aquisição de equipamentos necessários no manejo sanitário, alimentar e reprodutivo dos animais. Além disso, houve a construção de cisternas, hortas e sistemas de irrigação econômicos.
Já é possível perceber a mudança em algumas propriedades que hoje já contam com aviários, chocadeiras, melhora no ambiente de alimentação e dessedentação das aves, por exemplo. A ação contribui com a melhoria da produção e manejo de galinhas, uma prática bastante comum nas comunidades rurais e que a família de Aletícia Bispo, da comunidade de Rio do Peixe, em Capim Grosso (BA), aprimorou a partir do Semiárido Produtivo.
Além de garantir um alimento saudável na mesa da família, a criadora hoje chega a entregar em média dez dúzias de ovos por semana em uma panificadora da cidade, o que representa aproximadamente R$ 250 na renda mensal familiar. De acordo com o colaborador do Irpaa, Jeferson Marques, a experiência animou o esposo de Aletícia, Gelson Oliveira, que no início não acreditava muito nesta possibilidade de geração de renda mas agora já aposta no aumento do plantel.
A aquisição de baias e cobertura da pocilga vai ajudar a potencializar a criação de porcos na comunidade Sítio Melancia, no município Estrela de Alagoas (AL). A família de Maria Cícera Lima já desenvolve a suinocultura, uma atividade que é bastante praticada nas comunidades rurais alagoanas.
Para a colaboradora do Irpaa, Ana Cristina Oliveira, com a aquisição viabilizada pelo projeto, os animais terão melhores condições de alojamento, o que contribui com um aprimoramento do manejo. A família também optou por proporcionar a produção saudável de vegetais, disponibilizando uma área na propriedade para construir uma Horta Comunitária, onde moradores/as das comunidades irão produzir coletivamente.
Nas próximas etapas serão assegurados também investimentos coletivos, beneficiando comunidades com estratégias de Convivência com o Semiárido, a exemplo do fortalecimento da produção e beneficiamento de alimentos e comércio justo. Unidades de Beneficiamento de Frutas, Casa do Mel e entrepostos de ovos e centrais de comercialização estão dentre as estruturas a serem construídas.
Durante o encontro, a equipe também discutiu a possibilidade de participação de agricultores/as no Congresso Brasileiro de Agroecologia – CBA, que acontecerá em Aracaju (SE) no período de 04 a 07 de novembro deste ano. Algumas experiências serão apresentadas no evento, considerando as experiências agroecológicas das famílias acompanhadas pelo projeto. Na oportunidade, a Articulação no Semiárido (Asa) irá realizar o tradicional encontro de agricultores e agricultoras experimentadores/as, espaço onde as/os beneficiários/as do Semiárido Produtiva também vão socializar suas experiências.
Texto e foto: Comunicação Irpaa