A Escola Família Agrícola de Sobradinho – Efas, sediou nos dias 22 e 23 de março a primeira formação do “Projeto Educação para o Clima e Água no Semiárido brasileiro”, que está sendo executado pelo Irpaa, tendo como público-alvo 12 escolas que integram a Rede das Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido na Bahia – Refaisa.
Considerando a importância de fortalecer a defesa da Convivência com o Semiárido, potencializando a escola como um dos locais de construção, desconstrução e reconstrução do conhecimento, a intenção do Projeto é ampliar a discussão e uma prática contextualizada tendo a água como um tema gerador.
Para isso, encontros de formações, visitas às instituições e um seminário final vão compor uma proposta de formação voltada para professores/as, monitores/as, demais funcionários/as e educandos/as destas escolas, as quais trabalham com a pedagogia da alternância e já priorizam uma educação contextualizada à realidade local.
No primeiro encontro, que além de representantes da Efa de Sobradinho envolveu também a Efa de Antônio Gonçalves, foram trabalhadas possíveis formas de explorar temas a partir da água. Colaboradores/as do Irpaa exploraram a relação entre água e clima e apresentaram a educomunicação como uma estratégia de formação para potencializar práticas em sala de aula, com o objetivo de fortalecer o debate na perspectiva da Convivência com o Semiárido.
Para André Rocha, colaborador do Irpaa e um dos facilitadores da formação, este projeto surge da percepção de que ainda há uma limitação em trabalhar a contextualização do ensino-aprendizagem a partir da água na perspectiva da Convivência com o Semiárido. Isto porque, para ele, muitas vezes, alguns/as professores/as apontam dificuldades em explorar o tema em algumas disciplinas ou trabalham de forma pontual, como no Dia Mundial da Água e do Meio Ambiente, ou quando o tema está em evidência em nível nacional, por exemplo. “Outro aspecto é que muitas vezes se limita a a trabalhar a questão do uso, do acesso e da gestão, mas não extrapola para a compreensão sobre o clima”, cita André, chamando atenção para a necessidade da população entender as características do clima para que possa conviver bem com ele.
No momento final da formação, o grupo identificou formas de trabalhar os temas sugeridos, considerando os instrumentos que as Efa’s já adotam, a exemplo do trabalho interdisciplinar, os serões, pesquisa e devolutiva nas comunidades, intervenções, plano de estudo, viagens de estudos, etc. De acordo com Cintia Pereira, professora da Efa de Sobradinho, essas formações estimulam a trabalhar as temáticas de forma mais aprofundada e ajudam a pensar novas formas de envolver as/os estudantes com estes conteúdos.
Em sintonia com a professora, o estudante da Escola Família Agrícola de Antônio Gonçalves – Efag, Valdeir José da Silva, avalia que a formação fortalece o que já vem sendo trabalhado nas Efas. Além disso, ele pontua que esse aprofundamento favorece a atuação do/da educando na sua comunidade. “A gente tem muito a questão de trabalhar nas comunidades onde a gente vive, a gente trabalha normalmente com grupos de jovens, de associação, grupo de mulheres… então a gente tem como disseminar isso que a gente viu aqui”, pontua Valdeir.
As informações trocadas, especialmente a partir das cartilhas “A busca da água no Semiárido” e “Água da Escola”, despertaram a necessidade de repensar a gestão da água na escola, uma vez que ainda é uma realidade de muitas escolas agrícolas ter dificuldades de acesso a esse bem. Enxergar a educomunicação como estratégia para difundir o conhecimento produzido nas Efa’s foi também outro elemento apontado pelo grupo como resultados da formação.
O projeto conta com recursos da entidade austríaca Sei So Frei e contempla de forma direta aproximadamente 200 pessoas. Os próximos encontros de formação irão acontecer em outras três regiões da Bahia, reunindo as Efa de Irará, Alagoinhas, Rio Real, Ribeira do Pombal, Monte Santo, Itiúba, Valente, Brotas de Macaúba, Paratinga e Correntina.
Texto: Comunicação Irpaa
Foto: Amefas Sobradinho