A proposta de Assessoria Técnica Contínua – ATC que vem sendo colocada em prática no âmbito do Projeto Pró-Semiárido adota, dentre outras metodologias, as Rodas de Aprendizagens. Tratam-se de espaços onde o conhecimento se produz e muitas vezes se ressignifica a partir da troca de experiências entre agricultores/as e membros das comunidades acompanhadas pelo projeto.
As Rodas de Aprendizagem foram idealizadas pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia e Convivência com o Semiárido, formado pelas instituições que executam o Pró-Semiárido. A intenção foi potencializar as discussões acerca de temáticas relacionadas aos Grupos de Interesses (GI’s), considerando, sobretudo, o saber dos/das agricultores/as, as/os quais são os protagonistas desse processo de formação mútua que é a ATC. “Tudo que a gente levou pra lá [comunidade] foi uma demanda deles e foi construída com eles, as metodologias que a gente utilizou foram metodologias participativas, onde a gente ia só pra mediar e os agricultores iam partilhando o conhecimento uns com os outros”, explica Lealda Santos, colaboradora do Irpaa.
A técnica em agropecuária destaca que as Rodas de Aprendizagem foram baseadas nos Diagnósticos do Plano de Desenvolvimento e nos indicadores de sustentabilidade, os quais, em sua maioria, apresentaram baixos índices. “A maioria das rodas foram demandas dos agricultores, onde a gente via resultados negativos e a partir desses resultados a gente trabalhava temas específicos colocados pelas famílias”, explica Lealda. Uma das experiências que ela considera relevante foi o trabalho com o Grupo de Interesses de caprinos na região do Salitre, em Juazeiro. O tema específico foi a produção de medicamentos naturais, uma prática já utilizada na comunidade mas que foi mais valorizada a partir da discussão promovida na roda.
Experiência semelhante foi desenvolvida em outra região de Juazeiro. A partir do trabalho de ATC, a agricultora Maria Silvani , do distrito de Pinhões, vem fortalecendo a prática de medicina alternativa a partir de plantas da Caatinga e outras cultivadas nos quintais. Ao relatar sua vivência desde a infância com o uso de plantas para prevenir e tratar doenças, ela ressalta as vantagens de consumir os medicamentos naturais. “Nossa vida aqui na roça sempre foi ligada nessa parte de remédios naturais […] eu creio que neles está a cura de todas as doenças”, opina a agricultora.
As Rodas de Aprendizagem compreendem três etapas, sendo a primeira a discussão das temáticas nas comunidades a partir das experiências dos/das agricultores/as para em seguida socializar nas equipes técnicas, bem como com as demais instituições que executam o Pró-Semiárido. De acordo com Clérison Belém, coordenador do projeto junto ao Irpaa, o Instituto já realizou 71 Rodas de Aprendizagem, sendo 26 sobre caprinovinocultura; 19 sobre quintais; 08 sobre agrobiodiversidade; 07 sobre apicultura; 05 sobre mandiocultura; 04 sobre artesanato e 02 sobre beneficiamento.
Para Clérison, as rodas foram momentos muito ricos que permitiram a equipe técnica construir relatos escritos e em audiovisual para facilitar a avaliação desta metodologia e uma forma de apresentar os resultados da atuação da instituição. Lealda também avalia a importância dessa socialização entre a equipe do projeto, a exemplo do encontro que foi realizado no município de Remanso ente os dias 05 e 09 de novembro. Lealda chama atenção para a necessidade de dar um retorno também aos/as beneficiários/as: “a própria comunidade vai conseguir ali entender o quanto eles foram protagonistas desse momento”, finaliza.
O Pró-Semiárido é um projeto do Governo do Estado da Bahia, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Os recursos são oriundos de Acordo de Empréstimo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e o Irpaa é uma das instituições que executa o Projeto nos Territórios de Identidade Sertão do São Francisco e Piemonte Norte de Itapicuru.
Texto: Comunicação Irpaa
Foto: Eixo Produção