Para Micael Tenório, 22 anos, beneficiário da comunidade Serra das Pias, “o evento proporcionou conhecimento… Uma das coisas que a gente não tinha pensando seria de ter um investimento individual, mas que serviria para o investimento coletivo. A gente estava pensando mais no individual e hoje a gente pode ver que a gente precisa ter o individual, mas que proporcione para o coletivo”, revela Micael.
A beneficiária Vera Lúcia Félix, da comunidade Serra Bonita, destaca as dicas de gestão de empreendimentos coletivos que foram dadas durante o encontro. “Hoje na fala já mostra os passos que a gente pode seguir”, expõe. Segundo Vera Lúcia, “a maioria das camponesas e camponeses que participaram ganharam incentivo para melhorar a produção, para diversificar o que já produzem, na participação social, também para o armazenamento, Convivência com o Semiárido”.
Vera Lúcia faz parte de um grupo que mantém uma unidade de beneficiamento em Serra das Pias e que tem gerado renda a partir da transformação de frutas em polpa. Os produtos da fábrica são vendidos principalmente para a merenda escolar. De acordo com Patrícia Manoela Cavalcanti, Secretária de Agricultura de Palmeira dos Índios, o Programa Nacional de Alimentação Escola – PNAE e o Programa de aquisição de Alimentos – PAA, movimentaram em 2017 mais de 1,3 milhões. Parte desse recurso foi acessado pelas famílias que atuam na unidade de beneficiamento de frutas.
Em Palmeira dos Índios é realizada mensalmente, a Feira do produtor, que envolve produção agrícola e artesanato. Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura, o espaço de comercialização faz girar cerca de 7 mil reais ao mês.
Patrícia acredita que é possível “abrir o mercado para que elas [as famílias] possam colocar as polpas delas à venda em toda região: em Igaci, Palmeira [dos Índios], na merenda, nos supermercados, na feira”, almeja ela
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Para melhorar a produção Maria de Fátima, Gerente Regional do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas – Emater, colocou a equipe à disposição. Ela afirma que a Emater pode auxiliar na produção agroecológica e comercialização. “A gente orienta [o agricultor] na questão de ter uma produção de qualidade, onde ele possa comercializar, possa evitar o atravessador… Salientando que a gente trabalha com a questão orgânica, a trabalha só com agroecologia. Nenhum um técnico da Emater [na região] orienta para que ele [agricultor] use produtos químicos. Nem adubação química. Nada!
Metodologia Diferenciada
Tiago Pereira, Coordenador Institucional do Irpaa, relata que o encontro teve “um processo metodológico diferenciado… Foi um ambiente de debate e experimentação das metodologias por parte da equipe”, que esteve quase completa no evento. O objetivo é que através do conhecimento obtido as/os integrantes da equipe “fiquem mais próximo tanto das famílias, quanto das realidades locais”.
Intercâmbio em Serra das Pias
Jeferson Marques, Assessor Produtivo na Bahia, avalia como “bastante interessante conhecer a experiência de Serra das Pias” e que o exemplo alagoano pode refletir em ações na Bahia. “O beneficiamento para a nossa região semiárida é uma oportunidade bastante interessante para as comunidades camponesas. A experiência de Serra das Pias nos traz um esperançar maior, no que diz respeito ao beneficiamento de frutas nativas”, avalia o assessor da Bahia.3
O Semiárido Produtivo é um projeto executado pelo Irpaa, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Texto e foto: Comunicação do Irpaa