Manejo Sanitário é tema de atividade de agricultores e agricultoras em Juazeiro

Historicamente, as famílias agricultoras do Semiárido brasileiro desenvolvem a prática da criação de caprinos e ovinos, sendo em muitos casos a principal fonte de renda desses/as criadores/as. No cuidado com o rebanho era utilizado a prática do tratamento fitoterápico, ação que contribuía na sanidade do rebanho e valorização do conhecimento popular. Com o passar dos anos, o uso de remédios naturais foi diminuindo, dando espaço para o uso de farmacológicos no cotidiano do caprinovinocultura.

As/os criadoras/es da comunidade Lagoa do Angico e Serra da Boa Vista , em Massaroca, interior de Juazeiro, que são assessorados pelo projeto Pró-Semiárido, participaram do dia de campo com o tema “Manejo Sanitário”, dando ênfase para uso de remédios naturais na prevenção e tratamento de algumas doenças. De acordo com a Maiara Silva  de Carvalho, colaboradora do Irpaa, a temática foi escolhida para reanimar os/as participantes a produzir os remédios naturais, e “pra eles compreenderem a importância que tem a Caatinga e potencial medicinal que tem na Caatinga”, afirma a técnica agropecuária.

Durante o debate, os/as criadores/as relembraram de algumas plantas da Caatinga utilizadas por eles/as ou por familiares no cuidado com as cabras e ovelhas, momento que possibilitou uma rica troca de experiências e saberes. Na oportunidade, também foi realizada a produção do Iodo natural e azeite de mamona, remédios naturais, que serão adotados por eles/as, garantiram os participantes da formação. “Eu sou de família tradicional de criadores de caprinos e ovinos que vem de meus bisavôs e eles estão sempre passando essas experiências de pai pra filho, filho pra neto. Esse momento aqui, a gente só vai fortalecer e melhorar essa receita e essa prática, que eu acho que é de suma importância na vida dos criadores”, afirma o criador David da Silva.

Diferente de David, que já tem a prática de usar remédios da Caatinga, o agricultor Fidelício Valeriano Mendes, criador e vice–presidente da Associação do Produtor Rural de Serra da Boa Vista, diz que, “a gente vem dando sempre esses [medicamentos] que tem nas casas dos produtores, antibiótico, alguma coisa que a gente precisa compra lá, mas desse natural não…já com essas notícias que vocês trouxeram aqui, a gente ficou atento que é mais fácil, o custo é menos e a gente já vai fazer desse aqui”, garante.

A preservação da Caatinga e necessidade de recaatingar a mesma foi um das preocupações de David, que lembra que é preciso retirar com cuidados as folhas e raízes para a produção dos remédios naturais. “Eu mesmo desmatava a Caatinga por não conhecer. Nos anos 90, adquiri conhecimento e, muito rápido, introduzi em mim o amor pela natureza. E hoje eu não corto árvores, eu planto árvores. E sempre onde tem palestra acerca da natureza e defesa eu vou, tô sempre defendendo e orientando”, pontua David.

A atividade de campo aconteceu na comunidade de Serra da Boa Vista, na última sexta –feira (16), faz parte das atividades do projeto Pró –Semiárido executado pelo Irpaa em convênio com o Governo do Estado através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR , vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR.  

Texto e foto: Comunicação Irpaa