Donas do Campo: protagonismo feminino no Semiárido baiano

Agricultora, pecuarista, cozinheira, educadora e jornalista são ocupações comuns entre as mulheres do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), localizado a 13 km de Juazeiro-BA. Vindas de várias localidades do sertão baiano principalmente, elas encontram na instituição as condições necessárias para exercer autonomia, dominando novos conhecimentos e conectando-se com sua ancestralidade.

É o caso de Francisca de Souza, a Sielda, como é carinhosamente conhecida, é a responsável pelo cardápio servido nos encontros de formação há mais de quatro anos. Ela confessa que o segredo dos seus pratos é a simplicidade: “antes de eu vir morar na roça, a comida para mim só era gostosa se tivesse sazon ou knor, e agora não uso essas coisas, quando cozinho hoje não necessito desses temperos”. Francisca utiliza os temperos cultivados, disponíveis no local ou fornecidos pelas comunidades assessoras pelo Irpaa. Ela conta que sua avó era indígena, “uma pessoa muito sábia, porque antigamente era quem fazia os remédios para a família. Não tinha esse negócio de farmácia, médico”.

A produção de alimentos no Centro de Formação D. José Rodrigues, mantido pelo Irpaa, conta com o Sistema Pais – Produção Agroecológica Integrada Sustentável. Conforme a estudante de Agropecuária, Lilian Feitosa, o sistema foi pensado para a comunidade de acordo com a realidade local. Sobre os cuidados tomados no cultivo, a jovem diz que “nós produzimos remédios orgânicos para evitar as pragas nas plantas e estimular o consumo sustentável”.

Há um ano e meio no Irpaa, Ana Paula Martins, estudante de Comunicação Social e residente da República, fala da importância e do significado da agroecologia. “Orgânico produz sem agrotóxico, já o produto agroecológico vai, além disso, porque ele não é algo só para ser vendido, mas, que consiga ter um ganho social, ter a soberania alimentar da pessoa que produz que ele consiga alimentar a comunidade em que está inserido e ter um viés político também”.

O estímulo do consumo sustentável produzido por mulheres tem tido aumento significativo no Semiárido e estimulando o protagonismo feminino no campo.

Texto: Jayanne Rodrigues, Lucas Matheus Oliveira e Eduarda Rodrigues- Estudantes do Curso de Comunicação Social da Uneb- Campus III