Como parte integrante da 8ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, estão sendo realizadas desde o dia 07 até o dia 12 deste mês, ações junto a juventude sem terra, da Regional Norte da Bahia, com objetivo de debater a conjuntura política do país, as reformas do governo e, por consequência, a perda de direitos da juventude do campo, principalmente, no tocante ao acesso a políticas públicas de educação.
Em Juazeiro, uma dessas ações foi o movimento “Ocupa Escola”, que aconteceu no dia 11, na escola municipal Paulo Freire, que fica no Assentamento São Francisco, em Juazeiro. Este movimento reuniu estudantes do ensino fundamental II e ensino médio de cinco escolas municipais localizadas em assentamentos, acampamentos e comunidades rurais da região do Salitre, para discutirem sobre as Reformas do Ensino Médio, a perda de direitos da juventude do campo e o projeto da Escola sem Partido. Antes deste momento, aconteceu um trabalho de base pela própria juventude do MST, com o intuito de mobilizar estes estudantes para participarem dos eventos da jornada Nacional da Juventude Sem Terra na região.
O Articulador Regional Norte do MST, Jovanildo Teixeira, explica que esta ação faz parte de uma demanda nacional do MST de reafirmar mais uma vez a importância da juventude na luta social. Ele diz também que a escola Paulo Freire foi escolhida por ser um local que envolveria vários estudantes do movimento sem terra para discutir “sobre o processo político e as crises do país, que consequentemente, vem atingindo todos nós, principalmente, nas perdas dos direitos, não só relacionada ao que defendemos, a luta pela terra, mas que envolve e está relacionado a juventude”, explicou.
Para a professora da Escola, Leidiane Gomes, esta jornada é de grande importância. “A gente já vem trabalhando estes temas na sala de aula, mas diante do golpe na educação estamos num retrocesso. Então, é importante para os alunos conhecer o que está nos afetando e o que pode vim pela frente”, argumenta. Na avaliação da estudante do 8º ano, Ana Priscila Rodrigues, este momento vem para fortalecer ainda mais o vínculo da juventude com o campo, local em que vivem. Para ela, é importante que se defenda uma educação de qualidade para quem vive de produzir na terra.
Na opinião de Leidiane, outra ameaça eminente à cidadania e aos direitos dos/das adolescentes e jovens é o Projeto de Lei nº 867/2015 que institui o Programa Escola Sem Partido. “A proposta da escola sem partido vem para tentar quebrar por vez a consciência do educando. Ele não vai estudar mais a questão da cidadania. Vamos ter várias perdas no ensino. A escola sem partido chegando é uma perda enorme para a educação”, avalia. Na concepção de Rubens Ferreira, morador do assentamento São Francisco e estudante da Escola Família Agrícola de Monte Santo, a aprovação deste projeto não pode acontecer, pois “eles [político] querem que [os/as estudantes] se formem sem pensar, sem ter uma consciência política. E os espaços que o movimento organiza e a gente participa contribuem para que a gente tenham uma formação política, para a gente não ser um analfabeto político”, argumenta o jovem.
Em Juazeiro, a jornada Nacional que está sendo realizada pelo MST Regional Norte culmina no dia 12 com a participação dos/das estudantes no encontro de jovens, que acontecerá neste sábado, no Distrito de Massaroca, onde também acontecerá a Feira de caprinos e Ovinos do Distrito.
Participaram deste momento no Assentamento São Francisco também o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) e a Agência de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária município de Juazeiro (Adeap).
Texto e fotos: Comunicação Irpaa