Durante os dias 06 e 07 o Irpaa recebeu a visita da delegação Angola composta por dois representantes do Instituto de Desenvolvimento Florestal da Angola e a diretora da organização ADRA- Ação para Desenvolvimento Rural e Ambiental, Maria Tereza Victória. A Organização Não Governamental foi fundada em 1990, com o objetivo de contribuir no desenvolvimento rural, social, ambiental, com dois focos principais: redução da pobreza no meio rural e no reforço das organizações da sociedade civil do país. Hoje, a ADRA atua em seis províncias, Malange, Huambo, Benguela, Huíla e Cunene na Angola.
A ADRA busca contribuir para os processos de desenvolvimento local sustentável através do fortalecimento de associações, cooperativas e grupo de interesses do meio rural. Além de trabalhar com grupo de jovens e mulheres no meio urbano. Desenvolvendo suas ações a partir das temáticas: terras, na luta pela garantia da terra para os/as camponeses/as; a segurança alimentar, através do apoio a produção sustentável dos/as camponeses/as, da facilitação aos programas públicos que beneficiam aos camponeses; realiza articulação entre o governo e camponeses e as questões ambientais. Também trabalham com o empoderamento feminino e direito da criança, divulgação das leis, políticas e programas, através do programa para cidadania.
De acordo com Maria Tereza, a visita ao Ipraa foi motivada pela vontade de conhecer a experiência da Instituição no trabalho com agroecologia e educação ambiental, uma vez que eles também desenvolvem projetos ambientais. Nessa linha, Maria destaca a compreensão que o Irpaa tem em relação a conviver com o clima do semiárido, “na Angola nós dizemos assim, vamos combater a seca e não conviver. Então, hoje aqui, eu apreendi que o importante é conviver e não combater a seca, pois não é possível combater. De tal maneira todo ano as coisas se repetem, é criar estratégias que permitam conviver naquela situação”, argumenta Maria Tereza. A angolana, ainda destaca a preocupação do Irpaa com a preservação da Caatinga e valorização de toda a biodiversidade local.
Outra ação que ela pretende difundir na Angola é a ideia das tecnologias de captação de água da chuva, “nas zonas semiáridas podemos começar a discutir isso (captação de água da chuva) … podemos começar a discutir com a direção de energia e água esta prática aqui do Brasil e tentar influenciar uma política nesse sentido”.
Semelhanças entre a atuação da ADRA e o Irpaa
Durante os dois dias de intercâmbio, a delegação Angola visitou a Associação dos Apicultores de Sento Sé, e também conversou com o colaborador do Irpaa, José Moacir dos Santos, com a finalidade de conhecer o trabalho desenvolvido pela instituição. A partir dessas experiências, Maria Tereza pontua que a metodologia de ação do Irpaa se aproxima muita da desenvolvida na ADRA, “pelo que eu percebi, para o Irpaa é importante que a pessoa participe e diga que tipo de melhoria quer na sua vida, então as coisas não saem do Irpaa para as comunidades e sim das comunidades para o Irpaa, e essa também é a nossa filosofia de trabalho”, afirma Tereza.
Outra semelhança é levar a informação para as comunidades, através de formações, capacitações, da produção de materiais para trabalhar com as comunidades rurais. O apoio às associações e grupos produtivos na comercialização é outro ponto comum entre as organizações “promovemos feiras, onde todos eles trazem seus produtos, porque eles são muitos distantes do meio urbano”, afirma a angolana. A defesa pelo acesso à terra também é uma bandeira de luta da ADRA, segundo Maria Tereza os camponeses não tem os títulos das suas terras,“como as terras não são reconhecidas, as vezes vem pessoas interessadas em suas terras e isso tem criados alguns problemas”, conclui.
Texto e foto: Comunicação Irpaa