Comunidades do interior do Ceará promovem manifestação pela democratização da água

Para protestar contra uma situação de extrema injustiça e abandono com relação ao abastecimento de água, especialmente na região do Vale do Jaguaribe e na Chapada do Apodi, no estado do Ceará, entidades do movimento popular e pastorais sociais acompanhadas pela Cárita e pelas Dioceses de todo o estado, promoverão no próximo dia 18, em Fortaleza, uma grande manifestação pelo direito à água.

O padre Israel Alisson, vigário de Limoeiro do Norte e que atua junto às comunidades da região da Chapada do Apodi, diz que a situação está insustentável porque as empresas de monocultura estão consumindo violentamente a pouca água que ainda restam nos reservatórios: “as empresas do agronegócio estão usando de forma desordenada as águas do açude de Castanhão, do rio Jaguraribe e do aquífero de Jandaíra, deixando as comunidades totalmente desabastecidas”, denuncia Israel. O religioso diz ainda que esses empreendimentos estão fazendo com que povos tradicionais como indígenas e agricultores/as familiares abandonem a região, enquanto as empresas tomam conta também das terras para implantar seus projetos. Ainda segundo o padre, esses empreendimentos têm todo um aporte técnico e financeiro do Estado para continuar avançando e consumindo mais de 70% das águas dos açudes e do subsolo. Ele ressalta que isso está acontecendo exatamente num momento crítico onde as comunidades rurais enfrentam um longo período de estiagem sem que o governo se preocupe em estabelecer uma política hídrica que venha favorecer essas populações tão sofridas do interior do estado.

Manifestação

Milhares de pessoas e representantes de entidades populares envolvidas na defesa dos povos e comunidades vítimas das obras hídricas no Ceará, tais como Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) estão sendo esperados/as para participar de uma marcha na manhã do dia 18 pelas principais ruas de Fortaleza e em seguida uma grande concentração na praça Luiza Távora, no centro da cidade.

Durante a manifestação, há uma previsão das lideranças dos movimentos conversarem com os representantes do Governo do Ceará, onde será apresentada dentre as reivindicações: o controle mais rigoroso da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), com relação ao uso exagerado das águas dos açudes e dos poços por parte das empresas agrícolas e de criação de camarão. De acordo com alguns representantes da Cáritas do Ceará, se possível for, o governo e a Cogerh terão que fechar as torneiras que tanto favorecem o agronegócio no estado para que as comunidades do interior continuem vivendo e produzindo em suas regiões

Texto e fotos: Comunicação Irpaa