Um tipo de grão bastante adaptado às áreas semiáridas, o amaranto é uma matéria-prima usada há milhares de anos pelos povos nativos da região do Semiárido do México, visitada por colaboradores/as do Irpaa durante o período de 05 a 12 de junho. O grão do amaranto têm aspectos físicos, nutricionais e de sabor parecidos com o gergelim.
Mais resistente à seca do que o milho e o feijão, o amaranto têm grãos e folhas usados na alimentação humana. Hoje, o Grupo Coopertaivo Quali, responsável pelo beneficiamento da planta desde 1995, oferece ao mercado cerca de 25 produtos derivados do grão, dentre os quais biscoitos, bebidas frias e quentes, barras de cereais, farinhas, salgadinhos. O alimento é rico em proteína, ferro e outros nutrientes, sendo cultivado de forma orgânica com ciclo de seis meses.
O amaranto é cultivado em cinco regiões do estado de Puebla, abrangendo aproximadamente 70 municípios, e um total de cerca de 800 produtores e produtoras, as/os quais estão organizados/as em cooperativas que integram o grupo Quali. De acordo com a diretora de comercialização do Quali, Carmen Martins, hoje os produtos do amaranto são divulgados em eventos como Feiras realizadas anualmente na capital do México e através de site institucional, possibilitando assim a venda direta aos consumidores/as, empresas, etc, sendo comercializado regionalmente, no México e exportados para outros países como Espanha e Itália.
O agricultor Bernardo Agostim Varíllas conta que planta o amaranto após as chuvas e que por ser uma planta apropriada ao clima semiárido ela resiste bem sem sistemas de irrigação e reage bem ao uso do adubo natural (esterco) produzido com a criação de alguns animais como vacas, suínos e galinhas.
No México é proibida a entrada de sementes transgênicas e as comunidades rurais também tem a tradição de cultivar e conservar sementes crioulas. Outro alimento bastante cultivado e utilizado de diversas formas pela população é o milho, além da pimenta que é uma característica forte da culinária mexicana.
Modo de vida das comunidades rurais
De forma semelhante às comunidades do Semiárido brasileiro, as famílias cultivam cereais e criam animais, contudo, estes últimos pouco são comercializados mas sim usados para consumo da família ou vendidos na própria comunidade. Muitas criam seus animais na parte detrás da casa e aproveitam o estrume como adubo nas plantações. A lavoura tem mais importância econômica que os animais entre os pequenos produtores, viabilizando-se com um regime de chuva que somam cerca de 500 mm distribuídas entre os meses de maio e outubro, com evapotranspiração potencial inferior a 1.500 mm por ano.
A propriedade da terra, diferente das comunidades rurais do Brasil, é assegurada às famílias campesinas, embora em tamanho médio de 3 a 5 hectares. Essa distribuição da terra se deu a partir da revolução mexicana no início da década de 1900.
Texto e Foto: Comunicação Irpaa